No domingo (19), contra o Ceará, o Grêmio deve ir para o seu sexto jogo com um atleta de outra posição improvisado na zaga. Como o argentino Kannemann, está suspenso, restam apenas Geromel e Rodriguez, que ainda não foi testado entre os profissionais, como zagueiros de origem à disposição do técnico Renato Portaluppi para a partida no Castelão.
A outra possibilidade era a utilização de Paulo Miranda, que se recuperou de lesão muscular na coxa esquerda e está treinando normalmente com o grupo. Mas o treinador confirmou na quinta-feira que o zagueiro, afastado desde o Gre-Nal da fase classificatória do Gauchão, em 17 de março, sequer viajará a Fortaleza.
— Tem de ir com calma. Ele está totalmente recuperado da lesão e tem provado isso nas atividades conosco. Mas ainda não fez nenhum coletivo. Sábado, ele participará de um contra o time de transição. Caso ele consiga fazer todos os movimentos, vai para Caxias jogar contra o Juventude pela Copa do Brasil — afirmou o treinador.
Assim, a tendência é de que Renato utilize, mais uma vez, Michel na linha defensiva. O volante atuou nesta função em quatro oportunidades nesta temporada. A primeira foi contra o Pelotas, pela 11ª rodada do Gauchão, quando o time reserva venceu por 2 a 0. Naquela ocasião, veio a única vitória de Michel como zagueiro.
Depois, atuou ao lado de Kannemann no empate em 0 a 0 com o São Luiz, pela semifinal do Estadual, e na derrota por 5 a 4 na Arena para o Fluminense, pelo Brasileirão. E teve a parceria de Geromel no empate em 1 a 1 com o Avaí, quando marcou um gol contra no fim do jogo, que deu o empate ao time catarinense.
Rômulo também foi escalado como zagueiro em uma partida, contra o Juventude, na volta das quartas de final do Gauchão (a ida havia sido 6 a 0 para o Grêmio). Foi neste jogo que Marcelo Oliveira sofreu rupturas nos ligamentos patelar, cruzado anterior e colateral lateral do joelho direito e saiu de campo para a entrada de Juninho Capixaba, o que obrigou Cortez a compor a dupla de zaga.
Com qualquer um deles na defesa, nos cinco jogos que houve improvisação, o Grêmio tem uma vitória, uma derrota e três empates. Foram seis gols sofridos e apenas 40% de aproveitamento. Para o ex-zagueiro Atilio Ancheta, a falta de jogadores específicos para a posição atrapalha a equipe.
— Mesmo sendo profissional, cada atleta tem uma característica, e cada função exige um posicionamento, um jeito de agir diferente. Por não ser do lugar, fica difícil fazer grandes partidas — avalia.
A opinião é compartilhada por William Machado, zagueiro finalista da Libertadores pelo clube em 2007.
— Tudo o que a gente improvisa na vida é para ser uma situação temporária. Não é culpa do atleta nem do treinador, que às vezes não tem outro para colocar. Mas isso compromete todo o trabalho. Já vi muitos atletas se negarem a jogar fora da sua posição por receio de, em caso de irem mal, ficarem marcados negativamente — conta.
Para ambos, a necessidade de contratação para o setor defensivo gremista é iminente. Ancheta recorda que ele próprio tentou atuar mais à frente, como volante, e não teve sucesso.
— Como eu gostava de avançar, fui escalado algumas vezes no meio, mas não rendia. Por isso, acho que é importante o Grêmio buscar mais um zagueiro — ressalta.
Com duplas de zaga improvisadas em 2019:
- 5 jogos
- 1 vitória
- 1 derrota
- 3 empates
- 7 gols marcados
- 6 gols sofridos
- 40% de aproveitamento
- Pelotas 0 x 2 Grêmio (Michel e Marcelo Oliveira)
- Grêmio 0 x 0 Juventude (Rômulo e Marcelo Oliveira, depois Cortez na vaga de Oliveira, que saiu machucado)
- São Luiz 0 x 0 Grêmio (Michel e Kannemann)
- Avaí 1 x 1 Grêmio (Geromel e Michel)
- Grêmio 4 x 5 Fluminense (Michel e Kannemann)