O meia argentino Walter Montoya, 25 anos, foi contratado no início do ano para ser o substituto de Ramiro, negociado com o Corinthians. Passados mais de quatro meses, o atleta que está emprestado ao Grêmio até o fim do ano ainda não deu a resposta esperada pelo clube. Foram 11 jogos, dois gols e duas assistências com a camisa tricolor, mas nada que tenha empolgado.
No Grêmio, que atua no esquema 4-2-3-1, Montoya foi escalado sempre aberto pela direita na linha de três do meio-campo. Diante disso, um dilema surgiu: ele estaria sendo prejudicado pelo posicionamento dentro de campo? GaúchaZH investigou seu histórico para tentar achar respostas. Ele renderia mais como segundo volante, posição hoje assumida por Matheus Henrique? Primeira constatação: ele nunca teve sequência ou atuou nesta função em seus melhores momentos na Argentina ou no México.
— No Rosario Central, ele sempre jogou pela direita. O esquema era outro, com dois atacantes à frente, mas nunca atuou como meia defensivo, nem mesmo no Sevilla ou no Cruz Azul — ressalta o jornalista Tomas Dvoretzky, setorista do portal Vavel na Argentina.
A informação é a mesma trazida por Guillermo Zavala Frias, do canal Televisa Deportes, do México. Quando defendia o Cruz Azul, clube ao qual o atleta pertence, ele jogou em duas posições no mesmo 4-2-3-1 usado por Renato: como meia centralizado, na faixa de campo ocupada por Jean Pyerre ou Luan, e também aberto pela direita, no lugar onde vem sendo escalado no Tricolor.
— A melhor posição para ele é jogando aberto. Não vai bem quando pedem para ele fazer o trabalho de marcação. Ele não gosta de jogar por dentro, nem mesmo como volante, e quando é utilizado por ali parece perdido — destacou o jornalista mexicano.
A pergunta que fica é: em qual posição Montoya se destacou e tem melhor rendimento? A grande temporada dele foi 2016, quando era titular do Rosario Central que chegou às quartas de final da Libertadores, eliminando o Grêmio nas oitavas com duas vitórias (1 a 0 em Porto Alegre e 3 a 0 em Rosario).
Em suas melhor fase na Argentina, jogava aberto na direita em um sistema 4-4-2 losango montado por Eduardo Coudet. A diferença em relação à forma que atua no Grêmio era a presença de dois atacantes à sua frente, e não apenas um meia ao seu lado e um centroavante posicionado próximo à área, como acontece no time de Renato.
— No meio, eu me adapto em qualquer posição. Onde o treinador quiser, eu posso jogar. Mas tenho preferência pelo lado direito — disse Montoya logo que chegou ao Grêmio.
Mas, para quem conhece o argentino há mais tempo, a tentativa de colocá-lo como volante é válida.
— A situação é parecida com a de (Giovani) Lo Celso (ex-companheiro de Montoya no Rosario Central). Ele começou jogando como meia centralizado no PSG, depois foi deslocado para volante. Hoje, pelo Real Betis, atua recuado. Montoya pode jogar ao lado de Maicon no Grêmio, mas é preciso que isso seja treinado e experimentado — avalia Dvoretzky, que acompanha o atleta desde foi promovido aos profissionais do Rosario Central, em 2014.
E ainda que não tenha apresentado todo aquele futebol que encantou Jorge Sampaoli, que pediu sua contratação à época em que treinava o Sevilla, o jogador ainda é visto como promissor.
— Ele tem um bom chute de média distância. Também é muito inteligente e tem boa visão do campo, além de ser muito técnico. O que pode estar faltando é adaptação e atitude — entende Frias.
A decisão, claro, é de Renato. Mas a fila de jogadores à espera de uma chance pela direita é maior do que como volante. Se mais à frente o gringo disputa uma vaga com Alisson, Marinho, Thaciano e Pepê, recuado poderia ser um eventual substituto de Maicon, que volta e meia fica de fora por problemas físicos. Agora, é tudo com o comandante.
Números do Montoya pelo Grêmio
- 11 jogos
- 685 minutos
- 2 gols
- 2 assistências
- 11 desarmes
- Nenhum cartão amarelo