O rival do Grêmio nas oitavas de final da Libertadores já é conhecido dos gaúchos. O Libertad estava na mesma chave do Tricolor na fase de grupos e os dois clubes se enfrentaram duas vezes, com uma vitória para cada lado. Embora reconheça a dificuldade de encarar um tricampeão da América, o presidente Francisco Giménez Calvo entende como algo positivo já ter jogado contra o adversário.
— Todos os rivais nesta etapa são muito duros. Mas já conhecemos o Grêmio por termos enfrentado recentemente, o que acaba sendo bom para nós — comentou o mandatário do clube.
Ainda que a equipe paraguaia tenha terminado esta etapa na primeira colocação, era um dos adversários menos temidos — se comparar com os poderosos Boca Juniors, Palmeiras, Cruzeiro, Flamengo ou Inter, que também estavam no pote 1. Com 18 participações na competição — uma a menos do que o Grêmio — o Libertad é apenas a terceira força do futebol paraguaio, atrás dos também classificados Olimpia e Cerro Porteño.
Mas o clube promete se reforçar para tentar buscar o caneco da Libertadores pela primeira vez em sua história de 113 anos. A contratação mais próxima de ser anunciada é a do zagueiro Diego Viera, paraguaio que estava no Godoy Cruz e que não pode jogar o torneio continental por ter atuado pelo clube argentino.
— Estamos nos preparando razoavelmente bem para enfrentar os difíceis compromissos que teremos pela frente — afirmou o presidente.
A pausa da Copa América dará aos paraguaios quase dois meses de preparação até os duelos das oitavas de final, marcados para 25 de julho, a ida, na Arena, e 1º de agosto a volta, em Assunção. O Libertad, terceiro colocado do Torneio Apertura — o primeiro turno do Campeonato Paraguaio — e sem chance de título, enfrentará na última rodada o lanterna Deportivo Santaní, na sexta-feira, 17. Depois, ficará sem jogos oficiais até o dia 14 de julho, quando dará início à sua participação no Clausura, contra o San Lorenzo-PAR.
Neste período, os jogadores terão férias e retornarão para uma pré-temporada. Ainda não estão marcados amistosos para o período de reinício dos trabalhos. O técnico argentino José Chamot, que assumiu o clube em março deste ano após a saída de Leonel Álvarez, espera por pelo menos três reforços. Além disso, o Libertad não teme a janela de transferência do meio do ano.
— Essa época de negociações não movimenta muito o mercado no Paraguai. As baixas que a equipe pode ter são de jogadores que não estão bem por aqui. Ou seja, não vai afetar a espinha dorsal do time — garante o jornalista Nelson Rivera, da Rádio ABC Cardinal, de Assunção.
No lado tricolor, o capitão Maicon falou na tarde desta terça sobre o período sem jogos. Para ele, o melhor seria que não tivesse essa paralisação.
— Preferia seguir jogando, até porque a gente vai parar, depois tem que fazer uma nova pré-temporada. Se você precisa se recuperar, tudo bem, mas como estamos embalados com as três vitórias na Libertadores, seria melhor continuar jogando — avaliou o volante, que lembrou também que para o Brasileirão a pausa poderá ser benéfica.
Mas nada disso importa para a torcida gremista, que já apela para a superstição. Além de ter retrospecto favorável diante de paraguaios — 12 vitórias, quatro empates e seis derrotas em 22 confrontos — há um título da América que passa por um enfrentamento contra um clube do país nas oitavas de final.
Em 1995, ano do bicampeonato da Libertadores, o Grêmio avançou em segundo no seu grupo e eliminou o Olimpia no primeiro dos mata-matas. Depois, assim como pode acontecer neste ano, o rival foi o Palmeiras. E mais, na semi, o adversário foi o Emelec, que também pode encarar o Tricolor nesta mesma fase caso ultrapasse o Flamengo e passe pelo vencedor de Inter ou Nacional-URU nas quartas. A final daquele ano é que não poderá ser repetida, já que o Atlético Nacional foi eliminado ainda na fase preliminar da Libertadores pelo próprio Libertad. Mas nada que abale as coincidências místicas encontradas pela torcida tricolor, que sonha com o tetra.
Como joga o Libertad
O Libertad atua no tradicional 4-4-2, com duas linhas de quatro, um segundo atacante e o centroavante. Como a maioria dos times paraguaios, é forte no jogo aéreo — especialmente com a presença do experiente Óscar Cardozo no comando do ataque — e tem laterais apoiadores.
Além de Tacuara Cardozo, os principais jogadores do time são o goleiro Martín Silva, o zagueiro Paulo da Silva, o meia Antonio Bareiro e o atacante Adrián Martínez, artilheiro da Libertadores ao lado de Marcon Ruben, do Athletico-PR, com seis gols. Martínez, no entanto, não é titular absoluto do time.
Outro atleta de destaque é o jovem Iván Franco, 19 anos. O pequenino meia-atacante paraguaio de apenas 1m65cm pode jogar aberto pelos dois lados e é considerado uma joia das categorias de base. Assumiu a titularidade e é descrito pela imprensa local como um "jogador desequilibrante".
Porém, conforme os próprios jornalistas paraguaios, a equipe tem defeitos que podem ter bem explorados pelo Grêmio. O principal deles é a a falta de intensidade, até por ter jogadores veteranos em diversas posições.
— O Libertad não é uma equipe que pressione muito. Além disso, vem de uma temporada desgastante. O calendário foi duríssimo e esse pode ser um problema — destacou Edgar Cantero, do portal Pelota Tata.
Outro ponto negativo é a reposição de peças. Os reservas não tem o mesmo nível dos titulares e, por isso, a equipe cai de rendimento quando não tem alguns atletas.
— As derrotas nas últimas rodadas da fase de grupos da Libertadores tem a ver com as lesões de Jorge Recalde e Ángel Lucena, que já estão plenamente recuperados — relatou Nelson Rivera, da Rádio ABC Cardinal.