O Grêmio entra na Libertadores para tentar se tornar o único clube brasileiro tetracampeão do torneio. Após a conquista do tri da América em 2017 e da eliminado de forma polêmica pelo River Plate na semifinal em 2018, a aposta para levantar a taça foi na manutenção da base vencedora e do técnico Renato Portaluppi, que está à frente da equipe desde setembro de 2016.
Ainda assim, o elenco agregou reforços importantes. O principal deles foi o atacante Diego Tardelli, 33 anos, contratado em fevereiro após o término de seu contrato com o Shandong Luneng, da China. Outras peças buscadas foram o centroavante Felipe Vizeu, 21, que veio por empréstimo da Udinese, da Itália, e o meia Walter Montoya, 25, cedido pelo Cruz Azul, do México.
A principal baixa foi o goleiro Marcelo Grohe, vendido ao Al-Ittihad, da Arábia Saudita. Para seu lugar, a direção trouxe Julio César, ex-Fluminense, como reposição. Outros tricampeões da América que deixaram o clube foram Ramiro, liberado ao Corinthians, e Jael, negociado para o FC Tokyo, do Japão.
Mas a espinha dorsal do time, consolidada em 2016, foi mantida em sua grande parte. Os zagueiros Geromel e Kannemann formam um paredão na defesa junto a Bruno Cortez, outro remanescente do título de 2017. No meio-campo, Michel compõe uma competente dupla de volantes com o capitão Maicon, a principal liderança da equipe em campo. Do meio para frente, Luan e Everton, as principais referências técnicas do Grêmio nas últimas temporadas, tendem a crescer com a companhia de Tardelli e Vizeu. O atacante Marinho, que tem feito boas atuações e virou artilheiro do time neste início de 2019, com quatro gols, também é outra opção importante no setor ofensivo.
Ainda que a equipe tenha um dos ataques mais efetivos entre os clubes da Série A do Brasileirão nos primeiros meses do ano, com 23 gols marcados em oito rodadas do Gauchão, Renato projeta confrontos duros na busca pelo tetra da América. Ele entende que o nível de preparação é semelhante ao dos outros brasileiros que disputam a competição: Palmeiras, Cruzeiro, Flamengo, Inter, Atlético-MG e Athletico-PR.
— O Grêmio está fazendo a parte dele no Estadual, mas Libertadores é outra história. Não coloco nosso time em primeiro lugar, nem no meio e nem como último. São grandes clubes do futebol brasileiro e, no momento, todos têm condições de ganhar. O que vai acontecer no campeonato é outra história, mas não temos vantagem nenhuma — explica o técnico.
O treinador também alerta para o exemplo do São Paulo, que foi eliminado nas fases preliminares pelo Talleres, da Argentina. Também por isso, Renato tentará fazer com que o Grêmio encaminhe uma vaga nas oitavas de final o mais cedo possível. De preferência, com uma das melhores campanhas. Assim, poderá trazer o jogo de volta dos mata-matas para a Arena.
— Não tem jogo fácil. A gente entra nessa fase já pensando em se classificar, vai ser duríssimo. Muitos falam "ah, olha o grupo do Grêmio", mas esta história é para boi dormir. Estamos nos preparando para estrear bem, se vamos ganhar aí vamos ver. Libertadores todo mundo quer, pode ter certeza que será uma grande competição e todos vão correr atrás — completa Renato.
Na avaliação do comentarista do SporTV André Rizek, a equipe de Renato é forte candidata ao título, a exemplo das duas últimas temporadas:
— O time do Grêmio, titular, é provavelmente o mais consistente do Brasil. O elenco não é numeroso o suficiente, como o do Palmeiras, para a gente colocar o Grêmio como favorito ao Brasileirão por pontos corridos. Mas em jogos de ida e volta, ninguém no continente encara o Grêmio como favorito. No máximo, em igualdade de condições.
UNIVERSIDAD CATÓLICA – Santiago (Chile)
Após conquistar o Campeonato Chileno no ano passado, a Universidad Católica tenta repetir o sucesso de 2011, quando eliminou o Grêmio, à época também com Renato Portaluppi no comando, nas oitavas de final da Libertadores. Agora, o time terá o comando do argentino Gustavo Quinteros, que já treinou as seleções boliviana e equatoriana. Ele assumiu a vaga deixada pelo espanhol Beñat San José, que aceitou proposta do futebol árabe.
O novo técnico ainda está em começo de trabalho, mas já tenta tornar sua equipe mais ofensiva. O grande destaque é o camisa 10, o argentino Diego Buonanotte, meia de 30 anos que faz o time jogar. O goleiro Matías Dituro, 31, é sinônimo de segurança para o sistema defensivo. A revelação é o volante Ignacio Saavedra, 20, que é uma boa opção para o meio-campo. Como principais reforços, o time contratou o meia-atacante Edson Puch, 32, de passagem pela seleção chilena, e o lateral-esquerdo Juan Cornejo, 28 anos. A equipe ainda busca um reforço para o ataque e pode anunciar o colombiano Duvier Riascos, que já defendeu Cruzeiro e Vasco no Brasil e hoje atua no Dalian Yifang, da segunda divisão chinesa. Segundo o repórter Andrés Gonzalez, do jornal El Mercurio, a Católica tende a formar sua identidade de time em meio à disputa da Libertadores.
— Quinteros está recém implementando sua ideia de jogo e suas modificações. A base da equipe é a mesma do ano passado, mas somou reforços importantes, como Edson Puch. Trata-se de um jogador muito explosivo, que volta ao Chile depois de jogar alguns anos no futebol mexicano. Com ele, Católica ganhou um elemento surpresa importante no ataque — comenta Gonzalez.
LIBERTAD – Assunção (Paraguai)
Depois de eliminar The Strongest, da Bolívia, e Atlético Nacional, da Colômbia, nas fases preliminares, o Libertad ingressa no Grupo Hcom uma equipe repleta de jogadores experientes para encarar Grêmio, Rosario Central e Universidad Católica. Treinado pelo colombiano Leonel Álvarez, o time conta com seus principais destaques no setor ofensivo. Eles são o centroavante Óscar Cardozo, 35 anos, que atuou por sete temporadas no Benfica, de Portugal, e o atacante Adrián Martínez, 26, que já balançou as redes quatro vezes nesta Libertadores. Cardozo já marcou dois gols na competição, sendo um deles uma pintura em chute da linha central do campo que encobriu o goleiro Daniel Vaca, do The Strongest.
Na defesa, três nomes merecem atenção. O primeiro deles é o goleiro Martín Silva, 35, ex-Vasco e que integra a seleção urugaia. Outro é o veterano zagueiro Paulo da Silva, 39, que tem experiência de já ter jogado a Copa do Mundo pelo Paraguai. Ele já enfrentou o Grêmio na Libertadores 2016, quando atuava pelo Toluca, do México. Outro que também já encarou a equipe de Renato Portaluppi é o lateral-esquerdo Ayrton Cougo, 22, que no ano passado atuava pelo Defensor, do Uruguai. Segundo o repórter Gabriel Cazenave, do jornal ABC Color, de Assunção, o alto investimento da direção do Libertad no elenco não está dando o resultado esperado em campo.
— É um plantel muito caro, com salários altos. Em 2019, ainda não teve bom rendimento. Contra o Atlético Nacional, conseguiu classificação com muito esforço. O adversário teve 80% de posse de bola, mas foi ineficiente em frente ao gol. Assim, o Libertad conseguiu avançar nos pênaltis. O principal nome nas últimas partidas tem sido o goleiro Martín Silva. Por ter jogadores muito veteranos, a equipe não está tendo a velocidade e a intensidade necessária para propor o jogo — explica Cazenave.
ROSARIO CENTRAL – Rosario (Argentina)
Após a demissão de Edgardo Bauza, caberá ao técnico Paulo Ferrari, 37 anos, a missão de reconstruir o Rosario Central às vésperas da estreia na Libertadores. Quase nada da equipe atual lembra o time de Eduardo Coudet que eliminou o Grêmio nas oitavas de final em 2016. Em má fase na Superliga Argentina, o novo treinador priorizará as últimas rodadas do nacional para afastar o risco de rebaixamento na próxima temporada. Como o descenso é definido com base na média de pontos por partida nos últimos quatro anos, o Rosario terá de somar o maior número possível nos jogos restantes para não ficar na obrigação de fazer uma campanha excepcional na edição seguinte como forma de evitar a queda para a segundona.
É possível que Ferrari utilize uma formação mista contra o Grêmio. Afinal, a equipe dividirá atenções com o campeonato nacional até o início de abril. Neste período, três rodadas da fase de grupos da Libertadores serão disputadas. Na estreia, contra o time de Renato, o Rosario precisará contar com o apoio de sua torcida no Gigante de Arroyito. Como o clube enfrentou uma sequência de sete jogos sem vitórias antes de demitir Bauza, o novo treinador terá de recuperar o melhor rendimento da equipe.
— O time estava sem nenhuma ideia de futebol, Bauza não conseguia tirar mais nada dos jogadores — completa Cadirola.
Recuperar a principal estrela do Rosario também será uma das atribuições de Ferrari. Afinal, o centroavante Fernando Zampedri, 31 anos, não balançou as redes nas últimas cinco partidas. Outro jogador referência é o zagueiro Matías Caruzzo, 34 anos, o líder da defesa. No meio-campo, quem dita o ritmo é o paraguaio Néstor Ortigoza, que foi campeão da América pelo San Lorenzo em 2014 junto ao gremista Kannemann. Os três serão os pilares da reconstrução do Rosario.
Confira os detalhes do Grupo H: