O Grêmio trata de se precaver em relação ao assédio europeu sobre Everton. Depois de despertar o interesse do Manchester United, da Inglaterra, o atacante de 22 anos também está na mira do rival City, comandado por Pep Guardiola, que poderá fazer oferta para levá-lo da Arena. O clube gaúcho garante não ter recebido proposta oficial e não pretende perder seu principal jogador no início de 2019.
São ao menos dois trunfos que o Grêmio conta para segurar Everton neste início de ano. Depois de vender Arthur ao Barcelona por cerca de R$ 140 milhões, o clube atingiu equilíbrio financeiro. Também com a força de outras receitas, como a dos direitos de TV, de sócios e licenciamentos, não só quitou cerca de R$ 95 milhões em dívidas, como também registrou superávit no fluxo de caixa de quase R$ 70 milhões no último balancete apresentado ao Conselho Deliberativo. Assim, a direção não tem urgência em realizar negociações no momento.
Outro ponto que aumenta o poder de barganha ao Grêmio é o valor da multa rescisória de Everton, avaliada em 80 milhões de euros (R$ 353,6 milhões). O clube detém 70% dos direitos econômicos do atacante, que tem vínculo até o final de 2022.
A parada da Liga dos Campeões, que tem nesta semana a última rodada da fase de grupos, costuma ser o ponto de partida para que os grandes clubes europeus se lancem em busca de reforços. A investida do City poderá se concretizar a partir do dia 20, já que o Campeonato Inglês, a outra competição em que a equipe está envolvida, não é interrompida durante o período de festas de final de ano.
Não faltam ao Manchester City informações sobre Everton. Ele foi observado dentro e fora da Arena, nas últimas 15 rodadas do Brasileirão e também em partidas da Libertadores. Nesse sentido, a lesão muscular sofrida pelo atacante no mês de outubro foi prejudicial.
A observação também foi feita por representantes que o clube inglês mantém no Brasil.
Everton diz que o ideal seria que a negociação fosse realizada em agosto, na janela de verão europeia. Segundo o jogador, a adaptação se daria de forma mais rápida. É o mesmo pensamento de seu representante, o empresário Gilmar Veloz. Com a ressalva de que o comprador é que define o que é mais conveniente.
— Ir na janela de verão seria o cenário ideal. Mas nem sempre isso existe — comenta Veloz, assegurando desconhecer se os ingleses já procuraram o Grêmio.
Comandado por um grupo de investidores de Abu Dhabi, o City dispõe de poder econômico de sobra para bancar a compra de Everton. O alto investimento, contudo, levanta dúvidas na Inglaterra. Na avaliação do jornalista Tim Vickery, correspondente da rede britânica BBC no Brasil, o atacante do Grêmio ainda não mostrou maturidade suficiente para ter sucesso na equipe de Guardiola.
— Tenho minhas dúvidas se ele será capaz de desequilibrar em um nível de exigência mais alto. Ele é confiante e joga com os dois pés. Mas meu medo é de que o Everton, um jogador que hoje se destaca no Brasil, possa não confirmar suas qualidades na Europa — avalia Vickery.
No número de gols neste ano, o atacante do Grêmio leva vantagem sobre Leroy Sané, que poderia ser seu concorrente por uma vaga no time. Enquanto o brasileiro balançou as redes 19 vezes em 2018, o alemão do City marcou 12 gols. Mesmo assim, Vickery cita a adaptação ao futebol inglês como desafio:
— Indo para um clube como o City, ele correria o risco de dar um passo largo demais. Talvez fosse melhor ir para uma liga menos exigente, se adaptar bem e ganhar confiança para depois fazer sucesso em um clube grande.