Negociar a renovação de contrato com o presidente Romildo Bolzan não será a única preocupação de Renato Portaluppi ao longo da semana. O técnico, que permaneceria no Rio na segunda-feira (26), mas, de última hora, decidiu seguir junto com a delegação do Grêmio na viagem de volta de Salvador a Porto Alegre, terá vários problemas a resolver para o jogo contra o Corinthians, no domingo (2). Na partida que valerá vaga no G-4 do Brasileirão e, por consequência, o ingresso direto na fase de grupos da Libertadores, Renato pode fazer até cinco mudanças em sua equipe. Veja como ele poderá armar o time na despedida de 2018.
Luan no sacrifício?
Afastado do time do Grêmio desde o dia 14 de outubro, quando jogou 70 minutos na derrota por 2 a 0 para o Palmeiras, pelo Brasileirão, Luan tem convivido nas últimas semanas com dores, sobretudo na sola do pé.
A inflamação na fáscia do pé direito, também conhecida como fascite plantar, tem incomodado o jogador neste final de temporada. Uma lesão muscular na coxa direita antes do jogo de ida da semifinal da Libertadores, contra o River Plate, em Buenos Aires, também fez Luan desfalcar a equipe neste período.
Ainda que tenha treinado junto ao grupo antes da partida contra a Chapecoense, na Arena, as dores da fascite persistiram. Tanto que o meia-atacante foi vetado da viagem para os jogos com Flamengo e Vitória, permanecendo em Porto Alegre para fazer tratamento. Nesta terça-feira (27) à tarde, na reapresentação do grupo no CT Luiz Carvalho, Luan será avaliado novamente. Caberá aos médicos, juntamente com a comissão técnica, definir se o jogador irá para o sacrifício na decisão contra o Corinthians ou se só voltará aos gramados em 2019.
O parceiro de Kannemann
Com a suspensão de Geromel para a última rodada do Brasileirão pelo terceiro amarelo recebido contra o Vitória, Renato será obrigado a mexer na zaga para o jogo contra o Corinthians. O treinador, contudo, tem um problema para definir o novo parceiro de Kannemann. Já sem o lesionado Paulo Miranda e o afastado Bressan, terá de escolher entre dois canhotos, Marcelo Oliveira e Michel, para a função.
A semana inteira de treinos servirá para adaptar o escolhido junto ao argentino. Mas a questão é: quem mudará de lado? Vale lembrar que Kannemann, também canhoto, já atuou pela direita no San Lorenzo, contra o Real Madrid, no Mundial de Clubes 2014. Para Adilson Batista, o capitão do bi da América do Grêmio em 1995, Marcelo Oliveira também está apto para inverter sua posição.
— Treinei o Marcelo no Atlético-PR em 2011 e posso dizer que, pela versatilidade e experiência que ele tem, jogaria ali sem problemas — diz o ex-zagueiro que comandou o América-MG neste Brasileirão.
O capitão vai voltar?
Uma das principais figuras do Grêmio no primeiro semestre, Maicon não tem conseguido manter seu alto nível na segunda parte da temporada. O capitão gremista sofre com repetidas dores musculares e ficou no banco de reservas contra Flamengo e Vitória.
Dos 72 jogos oficiais que a equipe realizou na temporada, ele participou de 43, ou seja: 60% das partidas. Segundo o médico Paulo Rabaldo, o volante passará por nova avaliação durante a semana. Se tiver condições de participar dos treinos, poderá ser relacionado por Renato contra o Corinthians, na última rodada do Brasileirão.
— Ele foi preservado. Em função das dores, achamos por bem tirá-lo do jogo com o Vitória. Será reavaliado, mas tem chance de jogar no domingo — diz Rabaldo.
Ramiro ou Alisson?
Contra o Vitória, Renato mexeu na equipe ainda no primeiro tempo para promover a entrada de Alisson. É bem verdade que quem saiu do time foi Michel. Mas, com Ramiro desgastado fisicamente neste final de temporada, não é de se duvidar que o treinador possa preservá-lo contra o Corinthians e utilizar Alisson, uma espécie de 12º jogador da equipe, desde o início.
O jogador que veio do Cruzeiro no começo do ano, envolvido na troca pelo lateral-direito Edilson, tem se mostrado uma opção com mais vigor físico para o lado direito do ataque. Além disso, dispõe de mais poder de fogo nas finalizações. Por outro lado, a equipe perderia parte do poder de marcação neste setor, uma das principais características de Ramiro.
Quem será o 9?
O Grêmio passou a temporada inteira sem o chamado centroavante ideal. Alternativas usadas no frustrante empate sem gols contra o Vitória, domingo, André e Jael evidenciaram, outra vez, a necessidade de um novo jogador para a função em 2019.
Para agravar, Luan, usado com sucesso como falso nove em outras ocasiões, foi abatido por lesões, o que limitou as opções de Renato para o setor. O ano foi salvo pelo excepcional desempenho de Everton, que fez 19 gols. Se a comparação for apenas com André, os números de Jael são bem superiores. Em 45 partidas no ano, ele fez 11 gols e deu 10 assistências, enquanto o concorrente, uma das mais caras contratações da temporada, fez quatro gols em 28 partidas, sem nenhuma assistência.
— Quando o Grêmio contratou o André, pensei que esse seria o centroavante que iria se encaixar bem no sistema do time. Mas o cara não está conseguindo jogar — analisa Guilherme, centroavante com passagem pelo clube gaúcho em 1997.