Ninguém votou na Equatorial, certo? Não é uma empresa escolhida pelo povo, embora ela preste um serviço público. E, quando um serviço público vai mal, mesmo que seja fornecido por uma empresa privada, quem deve ser cobrado pela população? Ora, se é público, a responsabilidade é sempre de quem foi eleito. É o poder público, em última análise, que deve explicações — porque ele pode delegar a tarefa, mas não pode delegar o dever.
Não significa que reclamar para a Equatorial seja errado ou desnecessário. O problema é que, você sabe, não tem adiantado muito. Quando falta luz após uma chuvarada, como vimos no fim de semana — e como vimos tantas outras vezes nos últimos três anos e meio —, clientes mergulham em um redemoinho de agonia, buscando contato com um atendimento surdo e aguardando equipes que nunca chegam, enquanto a rotina desaba feito um castelo de cartas no temporal.
Não é admissível que o governo só fique olhando — afinal, a culpa é dele. Depois que falei disso no Timeline, na Rádio Gaúcha, o secretário de Comunicação do Estado, Caio Tomazeli, me telefonou com a promessa de agir. Disse que vai liderar um comitê dentro do governo, envolvendo diferentes setores, para acompanhar os serviços da Equatorial. A ideia, segundo Tomazeli, é melhorar principalmente a comunicação com o consumidor, que — palavras minhas, agora — tem sido tratado como pateta.
É um bom começo, sem dúvida. Tomazeli tem meu apoio. Mas é difícil acreditar em mudanças profundas enquanto as agências reguladoras, que pertencem ao Estado, continuarem atuando na base da multinha. Uma empresa que presta um serviço público (seja a Equatorial ou qualquer outra), se não seguir padrões de qualidade, se não cumprir metas, se não tratar bem o cliente, precisa ser punida com rigor implacável.
Porque o serviço público é mais que um contrato comercial; é um compromisso com a sociedade — que, além de pagar por ele, depende dele para viver com decência. Se as multas se mostram ineficientes, é hora de punir de outro jeito: com redução no valor da tarifa, com indenização aos clientes, com suspensão de incentivos fiscais e, no limite, com a cassação da concessão. Quando o poder público delega a tarefa, mas esquece de cobrar, o cidadão acaba no escuro.