Os recentes confrontos com Godoy Cruz, Lanús, Estudiantes, Tucumán e Independiente, este pela Recopa Sul-Americana, fazem do Grêmio um especialista em futebol argentino. É inegável, porém, que os dois jogos contra o River Plate, pelas semifinais da Libertadores, dias 23 e 30, aumentam o grau de exigência.
Como o calendário argentino é folgado em comparação com o Brasileiro, o time de Marcelo Gallardo está bem distante das 62 partidas disputadas pelo Grêmio. A invencibilidade, que é de 32 jogos, perdura desde 24 de fevereiro, na derrota por 1 a 0 para o Vélez Sarsfield, pelo Campeonato argentino. Há, contudo, pontos considerados vulneráveis, como a defesa. Nesse sentido, o Grêmio precisa torcer para que Everton esteja em campo. Em recuperação de lesão muscular, o atacante será útil nas jogadas em velocidade, que não são o forte dos zagueiros Maidana, 33 anos, e Pinola, 35. De boa estatura, os dois são eficazes nos lances aéreos, o que poderá representar alguma vantagem contra Jael.
— Para compensar a alta média de idade dos zagueiros, que também se estende ao volante Ponzio, que tem 36 anos, os laterais cumprem muita função defensiva e não saem muito para o jogo — observa Eugênio Leal, comentarista do Fox Sports e especialista em futebol argentino.
Apesar de considerar Montiel e Casco bons laterais, o comentarista Lucho Silveira vê possibilidade de vantagem para os atacantes do Grêmio na disputa individual. Ele também considera complicado para que os veteranos Maidana e Pinola corram atrás de Everton. E entende que o Grêmio deve apostar em uma jogada que já deu bons resultados.
— A bola do escanteio rápida na primeira trave. O River quase sofreu dois gols assim contra o Independiente. E o Grêmio levou a decisão para os pênaltis contra o Estudiantes em uma jogada assim — recorda Lucho.
Hoje no Vitória-BA, Paulo Cézar Carpegiani treinava o Flamengo no primeiro dos dois confrontos com o River Plate, durante a fase de grupos. Em sua opinião, ainda que tenha passado por mudanças de peças desde aquele 28 de fevereiro, a equipe argentina mantém a agressividade como uma de suas características. Como o Maracanã havia sido cedido para espetáculos musicais, o jogo, finalizado em 2 a 2, foi realizado no Engenhão. E com portões fechados, por conta de uma punição imposta pela Conmebol ao clube carioca.
— Argentinos, por natureza, são extremamente competitivos. O River pressiona o tempo todo. Foi o que aconteceu naquela noite. Sem dúvida, é um dos grandes candidatos ao título — analisa Carpegiani.
Ao destacar a habilidade do meia colombiano Quintero como um dos pontos fortes do River, o treinador entende que o Grêmio correrá riscos se alterar sua forma de jogar. Irá enfrentar um adversário que, pelo alto investimento feito na Libertadores, apostará todas as suas fichas no Monumenal de Núñez.
— O Grêmio tem um time firmado há muito tempo. Penso que time que se preza não modifica sua maneira de jogar. É claro que, fora de casa, precisará atuar de forma mais compactada. Mas, se ficar só na defesa, especulando, acabará perdendo a partida — preocupa-se Carpegiani.
Para Eugênio Leal, o duelo mais forte se dará no meio-campo. Com características ofensivas, os armadores Palacios, Ignacio Fernández e Pity Martinez por vezes deixam o veterano Ponzio sem apoio na marcação. Não será surpresa, portanto, se Enzo Pérez for escalado para reforçar o setor.
— Se o Grêmio souber controlar este setor, vai tirar o River da zona de conforto e poderá causar problemas. É um time que também gosta de muito de ter a posse de bola sob seu controle — aponta o comentarista.
Renato Portaluppi fala de modo genérico sobre o adversário. Focado também no Brasileirão, encarrega o Centro Digital de Dados (CDD) de editar vídeos de jogos do River, que servirão de apoio às palestras com seus jogadores.
— Grêmio quanto o River são duas potências, dentro e fora de campo. Será um decisão eletrizante. Eles têm uma equipe experiente, que sabe jogar a competição. É briga de cachorro grande— resume.