No que dependesse de Derli Machado Bitencourt, 53 anos, o nome do primeiro filho seria Murilo. Tratava-se do goleiro reserva de Danrlei no time multicampeão formado pelo Grêmio na década de 1990. Era a aposta de que aquele garoto, criado nas categorias de base, levaria o clube longe pelo talento. Mas a ascensão do titular fez o pai alterar os planos em 1997. Nascia, então, Danrlei Alves Bitencourt.
– Meu pai mudou de ideia – conta o comerciante, hoje com 21 anos.
Ele até tentou jogar como goleiro, exatamente como o ídolo de seu pai. Também fez testes para zagueiro. Mas não deu muito certo. Como pertence à igreja Batista, chamavam-no de "Danrlei de Deus". A coincidência é que o homônimo famoso, hoje deputado federal, chama-se Danrlei de Deus Hinterholz.
– Não consegui emplacar a carreira como jogador. Quando jogava na linha, eu fazia muitas faltas. Diziam que eu era violento. Aí mudei de "futebol" – brinca o comerciante, fazendo referência ao futebol americano.
Há três anos, Danrlei Alves Bittencourt é linebecker (posição do time defensivo) do Armada Futebol Clube, time gaúcho que disputa competições de futebol
americano. Às costas do uniforme, carrega o sobrenome “Alves”. É uma forma de facilitar a comunicação, justifica ele. Porque o nome Danrlei sempre vem acompanhado de um pedido para soletrar.
Danrlei "original" se chamaria Ubiratan
A curiosidade é que o nome Danrlei, invariavelmente associado ao ex-goleiro gremista há mais de 20 anos, quase não existiu. Quer dizer, o ídolo do
futebol não teria esse nome. Chamaria-se Ubiratan. Quem revela é o próprio Danrlei. Segundo ele, a ideia de seus pais era homenagear o ex-jogador de basquete Ubiratan Pereira Maciel, ídolo da modalidade no país, campeão mundial em 1963 e medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964. Esperava-se que o garoto que estava para nascer fosse alto – o que de fato se confirmou:
Danrlei Hinterholz tem 1m85cm. Só que a mãe não estava contente com o nome Ubiratan – que fora escolhido pelo marido. Quando o bebê nasceu – e ainda não havia sido registrado –, pouco depois do parto, ela recebeu a visita de uma amiga e resolveu compartilhar com ela sua angústia. Ouviu da interlocutora a predileção por um nome que até então desconhecia – Darlei.
Para não “copiar” a amiga, que revelou ter a intenção de batizar o próprio filho como Darlei, pensou em acrescentar um “N” – e, assim, convenceu o marido a deixar Ubiratan de lado.
– Já pensou que eu poderia, em vez de ter sido o Danrlei, ser conhecido como Bira? – brinca o ídolo gremista.
Talvez não houvesse tantas homenagens tanto tempo depois.