Se você passar pelo bairro Glória, na Capital, e ouvir alguém chamando por Andrés D'Alessandro, não estranhe. É Tamires Fernandes Rodrigues, 21 anos, dando uma bronca no filho arteiro, um pequeno de três anos de idade. Só assim, quando escuta seu nome completo, o pequeno D'Ale sabe que fez algo errado e presta atenção à mãe.
Ele ainda seria Nicolás, mas retirar o nome do meio do ídolo argentino virou moeda de troca dos pais para convencer o tabelião a aceitar o apóstrofo depois do “D”.
– Coloca "aquela coisinha" do lado do "D" e tira o Nicolás. Insistimos tanto que ele acabou cedendo – conta a mãe, que definiu o nome desde o sétimo mês, quando soube que seria um menino.
D'Ale é canhoto, assim como o camisa 10 colorado. Faz o estilo jogador sul-americano: tem uma cabeleira que lembra a do uruguaio Forlán, ou mesmo a do espanhol Puyol. Quando alguém confunde o garotinho com uma menina, a resposta parece estar na ponta da língua – faz lembrar o D’Ale jogador quando este recebe um cartão amarelo do juiz:
– Sou menino! Me chamo D'Ale e torço para o Colorado – afirma ele, convicto, apesar de ainda não entender a dimensão que o xará tem para o torcedor do Inter.
O D'Ale cabeludo conhecerá o Beira-Rio nos próximos meses, projeta a mãe. Ele não estava entre os 44 D’Alessandros que entraram em campo junto ao "original", no jogo contra o Bahia – a partida que marcou a volta do Inter à Primeira Divisão, no dia em que o jogador completou 37 anos. Naquela tarde ensolarada de 15 de abril, todos os 44 pequenos D'Alessandros vestiam camisetas com os dizeres "Também sou D’Alessandro".
– Para mim, é um orgulho muito grande – disse o capitão colorado a GaúchaZH. – Fico feliz com esse reconhecimento e até digo: – É uma loucura colocar meu nome em um filho!