Um bebê de dois meses virou celebridade em Alegrete. Ele nem havia saído do hospital Santa Casa e sua certidão de nascimento já circulava por grupos de WhatsApp. Poderia ser uma fake news, dessas que se espalham via redes sociais. Mas a história é verdadeira. Foi registrada em cartório. O primeiro Kannemann gaúcho nasceu em 16 de fevereiro deste ano.
Marília Castro dos Santos, 22 anos, fazia a ecografia quando recebeu o que interpretou como um sinal. O exame, dias antes da final da Libertadores, em novembro de 2017, entre Grêmio e Lanús, mostrou com clareza dois dedinhos do bebê que nasceria no ano seguinte.
– O Grêmio vai fazer ou levar dois, mãe? – perguntou a médica.
– Vai fazer e será campeão – garantiu Marília.
Ali, a dúvida que pairava sobre o nome do filho foi resolvida, conta Marília. O Grêmio levantou a taça da América – com dois gols, marcados por Fernandinho e Luan. Otávio, o nome escolhido até então, acabou preterido pelo sobrenome de um dos paredões da defesa gremista. O pai, o colorado Luiz Maicon Batista Leal, 29 anos, havia deixado a missão nas mãos da mulher. Só restou aceitar a decisão dela.
Mas surgiu uma questão: como adoçar, com um apelido, alguém batizado como o nome de um xerifão viril, cuja determinação em campo lhe valeu, na Argentina, o apelido de Viking? “Kanninho”? “Kanne”? Todos soavam estranho para um bebê. A mãe decretou:
– Resolvi que é Kannemann e ponto. Não tem apelido.
Nem todo mundo na família, porém, já se adaptou com o nome de origem alemã do guri. Vem da avó, colorada como o genro, a maior dificuldade na pronúncia. Parceira da filha nos cuidados do pequeno, Sandra Mara dos Santos Castro, 46 anos, trava uma batalha diária cada vez que chama o neto:
– Sai “Kânemo” todas as vezes. Mas não é difícil. Ela vai aprender – diz Marília.
O Kannemann bebê ainda não conheceu o zagueiro Walter Kannemann. Mas, quando aprender a escrever, Kannemann dos Santos Leal saberá que a livre inspiração do seu nome veio de um jogador que precisou ignorar as desconfianças quando desembarcou em Porto Alegre e se tornou um dos símbolos
das grandes conquistas do time que será o do seu coração. Ou alguém duvida de que, depois dessa homenagem, ele penderá para o lado vermelho da família?