O Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) julga nesta sexta-feira (7) os envolvidos na confusão que ocorreu na partida entre Santiago e BGF, válida pela volta das seminal da Série Ouro de Futsal. Realizado em 25 de novembro, o jogo foi interrompido aos 10 minutos e 55 segundos da etapa final. A sessão está prevista para começar às 10h.
Mandante da partida, Santiago será julgado nos artigos 211 e 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por deixar de oferecer estrutura de segurança e tomar medidas para prevenir e reprimir problemas dessa natureza. Já o presidente e auxiliar técnico do time, Davi Cabral Scapin, está na pauta por, supostamente, infringir os artigos 243-D, 254-A e 258-B, isto é, por incitar a violência, praticar agressão física e invadir o espaço destinado à arbitragem. Klisman Melo, identificado como fotógrafo do Santiago, aparece no Edital de Citação e Intimação, pelas mesmas acusações.
A BGF será jugada porque teria saído de quadra sem justa causa, afetando o artigo 203 do CBJD. Essa hipótese foi levantada por conta da decisão da equipe de não retornar para o jogo mesmo depois de a Brigada Militar comparecer ao local e se somar à segurança privada.
Jogo de ida
Também estarão na pauta do TJD fatos referentes à primeira partida, em Bento Gonçalves. A BGF é acusada de situações semelhantes às do Santiago. Scapin é citado mais uma vez, também por invadir o espaço da arbitragem e ofender a honra, artigos 258-B e 243-F, respectivamente. O atleta do Santiago Ademir Lindner foi incurso nos artigos 243- C e 243-F, por ameaça e ofensa à honra. O jogador William Garbrecht, do Santiago, também será julgado por ameaça.
Os auditores do TJD irão decidir o que ocorrerá com a vaga. Por exemplo: os times podem jogar os minutos que faltaram, Santiago pode ser eliminado por conta da confusão ou a BGF pode perder por W.O por ter abandonado o jogo.
Entenda o caso
A confusão começou quando Alan fez o segundo gol do SER Santiago, que jogava em casa. Integrantes da BGF teriam questionado a validade do lance ao alegar que o atleta chutou a bola quando ela já estava nas mãos do goleiro. Era o empate dos donos da casa em 2 a 2. Na ida, a BGF venceu por 7 a 4 e se classificaria com a igualdade no placar.
O presidente do SER Santiago é acusado pelo time adversário de ter agredido o treinador Vaner Flores. No entendimento da equipe de Santiago, o jogo não foi retomado por culpa da BGF, já que a presença da Brigada Militar (BM) no ginásio Aureliano de Figueiredo Pinto, em Santiago, teria restabelecido a ordem — a BGF foi para a partida sob a alegação de que não havia segurança para a sequência da partida. Depois do ocorrido, Santiago e BGF divulgaram notas oficiais. Veja.
Nota oficial do SER Santiago
SER SANTIAGO vem por meio da presente nota esclarecer os fatos ocorridos na partida contra o BENTO GONÇALVES FUTSAL no último 25/11/23.
Inicialmente, cumpre destacar, para fins de contextualização, que na partida de ida realizada em Bento Gonçalves nossos atletas foram hostilizados pela torcida adversária com palavras e gestos, inclusive, torcedoras identificadas com camisas da BGF, cuspiram em nossos atletas.
Além disso, nossos jogadores foram agredidos, sendo que um atleta recebeu um soco de um torcedor, enquanto que outro atleta foi atingido com um bumbo, sendo que tal instrumento pode eventualmente provocar lesões graves.
Os fatos supracitados foram presenciados pela equipe de arbitragem e relatados em súmula.
Em que pese o clima hostil e violento verificado na partida de ida, o jogo realizado em Santiago transcorria com absoluta normalidade, sem maiores incidentes, sendo que a partida estava sendo disputada dentro da quadra de jogo, sem interferência externa, como deve acontecer.
A lamentável briga ocorrida, por sua vez, envolveu pessoas que estavam credenciadas para estar dentro da quadra de jogo, sendo que estas pessoas envolvidas – de ambas as agremiações – devem ser responsabilizadas por seus atos, na forma da lei.
As imagens que circulam nas redes sociais atestam que agressões partiram de integrantes das duas agremiações, o que, por certo, é lamentável, mas definitivamente não presenciamos um cenário de agressores x agredidos, uma vez que, frise-se, integrantes de ambas agremiações, se agrediram mutuamente.
O auxiliar técnico da SER SANTIAGO apontado como um dos agressores, aparece claramente nas imagens, sendo agredido covardemente pelas costas, com socos e voadora, o que destacamos apenas para fins de registro e comprovação de que as agressões partiram de integrantes das duas agremiações.
Importante destacar, ainda, que a torcida da SER SANTIAGO não participou dos incidentes, uma vez que não houve invasão e participação dos torcedores presentes nas arquibancadas.
Ademais, após a intervenção da equipe de segurança, a ordem foi plenamente reestabelecida, sendo que tão logo foi acionada a Brigada Militar, esta se fez presente no ginásio, com expressivo contingente de 11 policiais militares.
Importante destacar que a Brigada Militar, presente dentro do ginásio, assegurava plena garantia e segurança para o prosseguimento da partida.
Desse modo, resta evidente, que, com a expulsão e exclusão dos partícipes da briga na quadra de jogo e, com a presença reforçada da equipe de segurança, havia plenas condições para prosseguimento do jogo, o que não foi possível, pela desarrazoada decisão da BGF de não retornar a quadra de jogo.
No tocante a notícia de que um integrante da comissão técnica da BGF teria sido furtado dentro das dependências do ginásio municipal, informamos que não há nenhuma prova ou indicio de que alguém tenha ingressado no vestiário durante o período no qual o clube visitante ocupou o local e, até prova em contrário, rechaçamos tal ocorrência.
Ademais, não nos parece razoável que um ladrão ingresse no vestiário adversário e furte tão somente pertences de uma determinada pessoa. Se de fato tal fantasioso fato tivesse ocorrido, por certo, o ladrão teria obviamente subtraído mais pertences no local.
Destacamos, no entanto, que foi localizado pela equipe de limpeza do ginásio uma carteira com documentos, cartões e dinheiro, no entanto, tal fato foi reportado ao ente municipal, responsável pelo ginásio, bem como, a carteira foi entregue ao setor competente para que seja providenciada a devolução a quem de direito.
Por fim, reiteramos que o futsal deve ser decidido dentro da quadra de jogo, sendo que o abandono de partida, quando havia plena garantia e segurança para o seu prosseguimento, deve ser apenado, na forma do CBJD, até para que condutas como esta não mais ocorram no desporto que tanto admiramos.
Nota oficial da BGF
O BGF/AAPF vem por meio desta nota, repudiar veementemente os acontecimentos na noite de ontem no Ginásio Municipal de Santiago, onde após um gol anulado da equipe adversária, nosso treinador, Vaner Flores sofre agressão física pelo Presidente do Clube do SER SANTIAGO, de forma covarde, resultando isso, em invasão de diversos torcedores na quadra onde nosso treinador sofreu mais agressões de pessoas ali presentes, sendo que os próprios seguranças contratados por SER SANTIAGO estavam impedindo que os atletas do BGF/AAPF fossem retirar o treinador Vaner Flores do meio das agressões, inclusive utilizando de armas de choque nos atletas.
Diante de tal situação, os jogadores e comissão técnica do BGF/AAPF foram para o vestiário, onde lá, diversos torcedores tentaram adentrar, com objetivo de arrombar a porta com chutes e do lado de fora do ginásio, torcedores do SER SANTIAGO, quebraram vidros do vestiário para continuar as agressões.
Concomitante a isso, ocorreu furto, onde os documentos do treinador Vaner Flores e o valor em dinheiro para a janta da equipe foram roubados.
Para a delegação do BGF/AAPF sair da cidade, foi necessário a escolta da brigada militar.
Manifestamos nosso total repúdio aos fatos ocorridos com nossa delegação na cidade de Santiago, esperando que a Federação Gaúcha de Futebol de Salão tome todas as medidas jurídicas cabíveis, esperando que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados.