O patamar mudou. Os objetivos são outros. E os sonhos cresceram. Em quatro anos, o Juventude foi da retomada do departamento à elite do Brasileirão Feminino. O capítulo mais importante da história das Gurias Jaconeras foi escrito na terça-feira (9), após o empate em 2 a 2 com o Fortaleza, no Alfredo Jaconi, que selou o acesso à Série A-1 da competição nacional.
O caminho foi árduo. No primeiro ano, um departamento montado às pressas, colocando o Juventude em situações vexatórias. Na competição de estreia, cinco derrotas (sendo três goleadas) em seis jogos. No Estadual, mais tropeços: cinco em seis, e a eliminação ainda na primeira fase.
Com o nome do clube acumulando resultados negativos, a necessidade de uma reformulação. Em 2022, tudo novo: Renata Armiliato como coordenadora do departamento, Luciano Brandalise assumindo o comando técnico, e um grupo de atletas renovado. Tudo começando de novo, e os frutos sendo colhidos. Ao final daquela temporada, o primeiro título do Interior e a vaga conquistada à Série A-3 de 2023.
— Nós começamos praticamente sem uma equipe, sem meninas, sem atletas, e a gente foi subindo aos poucos, com muito cuidado, sempre com os passos muito bem calculados, e sempre com o suporte da direção, do presidente. E é um trabalho. O campo fala — ressaltou a coordenadora do departamento, Renata Armiliato.
A partir de então, a história começou a ser escrita. Com a goleada sobre o Criciúma, por 6 a 1, o Juventude iniciou a luta pelo primeiro acesso. Foram quatro vitórias e dois empates para confirmar a ascensão à Série A-2. Um triunfo nos pênaltis, diante do Pinda-SP e com o apoio torcedor jaconero, fez com que as gurias chamassem a atenção no cenário nacional. Após a vaga à Segunda Divisão, o Ju ainda conquistou o bi do Interior no Gauchão de 2023.
Um novo capítulo
A temporada de 2024 se iniciou e, a partir de então, tudo novo e diferente. Uma competição mais seleta (e disputada) em busca de quatro vagas à elite do Brasileirão Feminino. O caminho se iniciou com vitória sobre o tradicional São José-SP, fora de casa, por 2 a 0. A partir de então, a confiança foi crescendo — junto das chances de classificação. Ao final das sete rodadas, a vice-liderança do Grupo A e a vantagem de decidir em casa. Novamente, contra um adversário forte e que já havia batido na trave nas duas últimas temporadas.
Diante do Fortaleza, o Juventude resolveu fora de casa. Melhor que o time nordestino abriu o placar nos minutos finais do duelo e voltou para Caxias do Sul com a vantagem do 1 a 0. O empate servia para mudar de patamar no futebol feminino, e foi o que aconteceu: 2 a 2 e o capítulo mais importante da história escrito.
— Passa um filme na cabeça da gente. Assumimos o Juventude sem série. Fomos buscar a Série A-3, nós buscamos a Série A-2 e agora a Série A-1. E vamos lutar. Chegamos ao topo, e não queremos mais sair — afirmou o treinador Luciano Brandalise.
Em quatro temporadas, tudo mudou para as Gurias Jaconeras. O sonho, agora, é em buscar o primeiro título nacional. O próximo obstáculo é o forte 3B da Amazônia, que foi hegemônico no Grupo B e eliminou o Mixto-MT para subir. A primeira partida ocorre na terça-feira (17), às 21h, na Montanha dos Vinhedos. A decisão das semifinais será na Arena da Amazônia, no sábado (20). Quem passar enfrenta Bahia ou Sport na grande final.