Até onde vai a paixão de uma torcedora por seu clube? Pois para Lea Ethes esta é uma resposta difícil de responder. Aos 51 anos, sendo colorada desde que nasceu, ela é a única representante da torcida do Inter, que viajou 6.778 km até a Colômbia para acompanhar a Libertadores Feminina, em uma mais demonstração de amor e apoio às Gurias Coloradas.
Em entrevista à reportagem de GZH em Cali, ela contou os detalhes de mais uma epopeia pelo time do coração. Todo o seu esforço já é algo reconhecido pelo elenco. Depois da partida contra o América de Cali, todas as jogadoras se dirigiram até uma das arquibancadas do Estádio Pascual Guerrero para celebrar junto à ela a classificação antecipada às quartas da competição.
Mesmo enfrentando dificuldades financeiras e precisando economizar ao máximo para se manter na Colômbia, a resposta é direta quando perguntada sobre o esforço para acompanhar a equipe feminina.
— Não tinha como não vir. É um sonho. É a primeira Libertadores das Gurias — contou à reportagem.
Esta não é a primeira vez em que a Lea sai de Porto Alegre para acompanhar as Gurias Coloradas. Em suas redes sociais, é possível ver diversos registros de suas epopeias. No ano passado, esteve em São Paulo para acompanhar dois feitos da equipe: a classificação para a final do Brasileirão, sobre o tricolor paulista dentro do Morumbi, e o vice-campeonato na decisão, na Arena Corinthians.
— Acompanho as gurias há muito tempo. As mais antigas me chamam de torcedora símbolo. As atletas mais novas já tem o costume de me chamar de tia — revelou aos risos.
Dentro da temporada de 2023, a missão de acompanhar o time em sua primeira Libertadores Feminina tem sido a mais difícil. A primeira etapa vencida foi a logística de Porto Alegre até Cali com um deslocamento de quase 24 horas entre voos e conexões. Além disso, Lea abriu mão de acompanhar o jogo entre Inter e Fluminense no Beira-Rio, pela Libertadores masculina, em função da viagem.
Já na Colômbia, a torcedora optou por uma estadia mais econômica. Por isso, através de um aplicativo, encontrou um apartamento disponível com um casal colombiano. A hospedagem e a alimentação estão garantidas até a final da Copa Libertadores, marcada para 21 de outubro. A volta para o Brasil ainda é um cenário incerto.
— Vim só com a passagem de ida e o necessário para me manter aqui. Possivelmente, volto no mês que vem quando receber.
O ato de acompanhar o time é inspirado pela própria história do futebol feminino e pela luta das atletas. Para quem já acompanhou o esporte sendo proibido no Brasil, ver de perto evolução da modalidade é algo especial. Além disso, Lea conta com o apoio do filho Fernando, de 21 anos, que ficou na capital gaúcha.
— A minha motivação vem muita dessa luta. Elas me incentivam muito. Conforme a gente convive com elas também vamos criando laços. Eu não me arrependendo de nenhum perrengue. O retorno que eu tenho de acompanhar o crescimento e a evolução delas me cativa muito. Queremos chegar mais o longe possível, mas chegar até às quartas já recompensou a viagem — enfatizou.
Não tinha como não vir. É um sonho. É a primeira Libertadores das Gurias.
LEA ETHES
Torcedora do Inter
Para evitar gastos, a torcedora-símbolo das Gurias Coloradas não estará na última rodada da fase de grupos. O duelo contra o Boca Juniors, ao contrário das últimas duas rodadas, será em Bogotá. Ela ficará aguardando o retorno da delegação para às quartas de final, em Cali.
Em um momento histórico para o clube e ao mesmo tempo longe de casa, o elenco colorado tem a certeza de quando entrar em campo no mata, em uma mais etapa decisiva, terá o incentivo de Lea Ethes das arquibancadas.