Cento e oitenta minutos. Isso é tudo que separa o Juventude do grande objetivo na temporada. O departamento feminino, que foi reaberto lá em 2021, de forma modesta e sem pretensões, ganhou uma nova cara na última temporada. Uma reformulação, nova comissão técnica, atletas desembarcando em Caxias do Sul. Os primeiros frutos vieram já em 2022, com o título do Interior no Gauchão, a primeira vitória em cenário nacional e o abraço da torcida.
Agora, o ano se iniciou com metas claras e ousadas: o acesso à Série A-2. Figurar entre as 32 melhores equipes femininas do país. Desde a estreia no Brasileirão, os processos foram respeitados, assim como os adversários. Os resultados vieram, e agora restam duas partidas para que o objetivo seja alcançado. Os primeiros 90 minutos ocorrem neste domingo (21), às 15h, em Pindamonhangaba.
— Creio que vai ser um jogo bem difícil, até porque, nesta etapa do campeonato, já não tem mais nenhum time "bobo". Então, vai ser uma partida bem difícil, em que o físico e o mental vão contar muito, mas acreditamos no nosso time. Temos de estar sempre pensando positivo e o resultado vai vir — avalia a volante Alice.
Com quatro confrontos já realizados, o Juventude deu passos importantes rumo ao acesso. Foram quatro vitórias, 12 gols marcados e apenas dois sofridos. Uma campanha bem diferente da realizada em 2022, quando a coordenadora Renata Armiliato tinha recém assumido o departamento e começado a promover grandes mudanças para que o clube voltasse a ser respeitado no âmbito feminino.
— Ano passado, nós caímos na primeira fase para o Flamengo (de São Pedro), jogando com uma equipe sub-20, e isso aí conta muito. As gurias levam isso para o coração. Elas sabiam que podiam mais, e nós tínhamos dois meses de trabalho. Eu acredito que essa chegada (às quartas) agora se dá também pelas gurias experientes — enfatiza o técnico Luciano Brandalise.
Na última temporada, a equipe que acabou se despedindo na fase inicial do Brasileirão A-3 tinha média de idade inferior a 20 anos. Era o mesmo time que estava na disputa do Brasileirão da categoria. Agora, o Ju tem um grupo adulto para a disputa da competição adulta. São 10 atletas apenas para a Série A-3.
Mesmo assim, o Alviverde continua contando com promessas da base para buscar os resultados positivos no campeonato. Na defesa, por exemplo, a jovem Priscila, de 17 anos, assumiu a titularidade com a lesão de Alessandra. Além dela, a lateral-direita Grazi e a volante Alice também compõem o forte setor, que foi vazado apenas duas vezes.
— A Priscila é uma menina que chegou aqui no ano passado com 16 anos e ela está no 12º jogo dela de Brasileirão sub-20. E, com 17 anos, está jogando profissional de uma forma muito tranquila, transparente, precisa. Isso é muito do trabalho de base — comenta o técnico Luciano Brandalise.
Outro pilar na caminhada rumo ao sucesso é a união do grupo. Mencionada desde a última temporada, é apontada como crucial para que os primeiros resultados tenham vindo em 2022 e continuem acontecendo em 2023.
— A gente vem de uma sequência muito boa, marcando vários gols, sofrendo poucos. Então, também conta o nosso trabalho em equipe, uma sempre confiando na outra, e sempre falamos isso antes de entrar em campo, que o resultado vai vir — afirma a volante Alice.
Por fim, o apoio da torcida é a cereja da bola. Foram os jaconeros que pressionaram a direção, em 2022, para que as gurias pudessem jogar no Alfredo Jaconi pela primeira vez. Pedido atendido, se fizeram presentes no estádio e apoiaram o Ju rumo à vitória sobre o Brasil-Far. Depois, o desfecho se repetiu na final do Interior, com a goleada sobre o Elite, e diante do Toledo, nas oitavas da Série A-3. Agora, a expectativa é que o torcedor volte a fazer a diferença no jogo decisivo, marcado para o sábado seguinte (27), às 15h, no Alfredo Jaconi.
— É muito importante para elas o apoio da torcida. Elas merecem. Elas estavam vibrando com isso, acabou o jogo e dentro do vestiário elas me abraçavam e falavam "é bom jogar com apoio". Elas estão muito felizes e confiantes — ressalta o treinador do Ju.
O apoio (mais do que merecido) a quem luta para representar bem as cores alviverdes será bem-vindo na casa que também é delas. Cento e oitenta minutos as separam do acesso. Faltam dois passos para que o Juventude mude de patamar no futebol feminino.