Em 20 anos, o Campeonato Brasileiro reduziu o número de jogos e o de times participantes na competição. Mas aumentou consideravelmente a circulação de dinheiro entre os clubes.
Seja via aumentos de patrocínio e cotas de transmissão por TV, seja pela presença de torcida nas arquibancadas. A média de público pagante que no Brasileirão de 2002 foi de 12.866 torcedores por jogo, saltou para 20.665 em 2022 — crescimento de 60,5%.
Nas transmissões de TV, o índice de reajuste pago aos clubes foi ainda mais impressionante: 207% em duas décadas. Saltou de R$ 130 milhões em 2002 para uma estimativa de R$ 400 milhões na temporada passada.
O Grêmio, em 2003, na primeira edição dos pontos corridos, recebeu R$ 9,85 milhões. Valor que chegou a R$ 29 milhões em 2022. O Inter recebeu a mesma cota no início e cerca de R$ 18,8 milhões no ano passado.
Especialista em gestão esportiva, o consultor Amir Somoggi já fez vários estudos, analisando o sucesso dos pontos corridos para o futebol brasileiro. Segundo ele, tudo cresceu porque houve, a partir de um dado momento, uma temporada pré-estabelecida, um calendário de maio a dezembro, com pay-per-view, TV fechada e aberta pagando bons valores e, ainda, uma boa visibilidade que é gerada por estas transmissões para negociação dos patrocínios. Mas o consultor é radical quando se trata de promover um calendário melhor para os grandes clubes e a formação de uma liga.
— Olhando para o futuro, já passou da hora do Brasil ter uma liga. É preciso promover a internacionalização do Brasileirão, que ainda não aconteceu, e acabar com os estaduais que atrapalham a elite. Isso aumentaria, e muito, as receitas dos clubes. E, finalmente, efetivar a desconexão dos pontos corridos com a CBF e seus interesses com as federações — avalia.
Consolidada nas principais ligas da Europa, a fórmula de pontos corridos no Brasil não corre risco de sofrer alguma mudança num cenário próximo. O jornalista Sérgio Xavier Filho acredita que o futebol brasileiro jamais sairá do atual formato.
— Sempre vai ter gente esperneando, gente que gosta do atalho, mas cada vez mais a gente vai estar preso, no bom sentido, a ideia do campeonato meritocrático da temporada, que são os pontos corridos. Clube organizado, que montou um elenco, pagou as contas, conseguiu alguém que esteja brilhando, vai ser campeão — comentou.
Ranking dos pontos corridos
- São Paulo — 1271 pontos
- Flamengo — 1213 pontos
- Santos — 1194 pontos
- Inter — 1166 pontos
- Corinthians — 1159 pontos
- Fluminense — 1125 pontos
- Atlético-MG — 1114 pontos
- Palmeiras — 110 pontos
- Grêmio — 1065 pontos
- Athletico-PR — 1060 pontos
Curiosidades das 20 edições
- Jogos: 8.026
- Gols marcados: 20.640
- Média: 2.57 por partida
- Mais participações: Flamengo, Fluminense, Santos e São Paulo (20)
- Mais títulos: Corinthians (4)
- Mais pontos: São Paulo (1271)
- Mais vitórias: São Paulo (351)
- Mais gols: Santos (1139)
- Melhor campanha: Flamengo de 2019 (78,9%)
- Mais rodadas na liderança: Corinthians (132)
- Pior campanha: Chapecoense de 2021 (13,1%)
- Mais rebaixamentos: Avaí (5)
- Maiores artilheiros: Fred (158 gols) e Diego Souza (126)
- Técnicos mais vezes campeões: 1º - Muricy Ramalho (4); 2º - Cuca, Vanderlei Luxemburgo, Tite e Marcelo Oliveira (2)