Há consenso de que a ausência de torcedores nos estádios impactará dentro de campo neste Campeonato Brasileiro. Alguns times, no entanto, devem sentir mais do que outros. A primeira rodada da competição já serviu para mostrar que, nesta temporada, o fator local será menos decisivo do que em outras — não à toa, dois seis jogos disputados, três foram vencidos pelo visitante.
Na visão do jornalista Gustavo Villani, narrador do Grupo Globo, os clubes que devem sentir mais a ausência de público em seus estádio são aqueles que têm menos poderio econômico. No entendimento dele, quanto mais recurso técnico, menos necessidade do apoio da arquibancada.
— Penso que os times que mais devem sofrer com a ausência de torcida são aqueles que têm menos recursos técnicos e mais necessidade do calor da massa para conquistar pontos, como Vasco, Sport, Coritiba, Fortaleza e Ceará — afirmou Villani, que avalia que as derrotas de três mandantes na estreia têm relação com os portões fechados:
— Não tenho dúvida. O fator casa ficou minimizado, sem torcida. Na Alemanha foi assim também, pós-pausa.
A análise do jornalista da Globo é semelhante ao entendimento de Marcelo De Bona, narrador da Rádio Gaúcha. Ainda que entenda que a ausência de torcedores nos estádios prejudique clubes tradicionais e de massa, os mais afetados serão os nordestinos.
— Todos vão sentir a falta de público nos estádios. Mas nem o Flamengo, que teve média de 60 mil no ano passado, nem a Dupla, reconhecida pela força nos jogos em Porto Alegre, sentirá mais do que os clubes do Nordeste. Com menor capacidade de investimento, Sport, Ceará e Fortaleza se diferenciavam pela paixão dos torcedores. Os jogos dos nordestinos sem a pressão da torcida tornará a vida bem mais difícil no campeonato — destaca De Bona.
Mas, na avaliação do jornalista José Alberto Andrade, colunista de GaúchaZH, o maior prejudicado será o Flamengo. O clube carioca, inclusive, perdeu em casa na estreia para o Atlético-MG, por 1 a 0.
— Todos estarão prejudicados por jogarem em estádios vazios no Brasileirão. Ninguém, porém, sentirá mais a falta de sua torcida do que o Flamengo, ainda que isso não venha a significar perda de favoritismo no Brasileirão. O grande desempenho dos cariocas em 2019 esteve intimamente associado ao Maracanã lotado e com os rubro-negros acompanhando fanaticamente os jogos como visitantes — descreve Zé Alberto.
Assim, ainda que tenha consenso sobre o prejuízo para alguns clubes sem seus torcedores apoiando nas arquibancadas, não dá para mensurar quem será o mais prejudicado. O resultado prático saberemos em algumas rodadas, quando o Brasileirão estiver encaminhando os favoritos a título, vagas e luta contra o descenso.