A suspensão do jogo Goiás x São Paulo, com time e arbitragem já em campo, no domingo (9), fez CBF promover uma alteração no protocolo imediatamente. A partir de agora, os clubes poderão realizar testes nos jogadores em laboratórios locais — e a entidade bancará os exames em todos os profissionais que estiverem inscritos no Brasileirão, e não mais em 26 por rodada.
Mas, apesar da novidade, não está prevista a inclusão de qualquer item no regulamento referente a um número mínimo de atletas disponíveis ou de punição a clubes que tiverem mais jogadores positivados.
Segundo o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, por enquanto, os episódios serão analisados conforme forem ocorrendo. No caso do Goiás, nove atletas estavam infectados.
Na Série B, o CSA também teve nove positivados, mas mesmo assim entrou em campo para enfrentar (e vencer) o Guarani. Agora, o clube alagoano aguarda novos exames para viajar a Chapecó, onde enfrenta a Chapecoense na quarta-feira. Na Série C, o Imperatriz-MA teve 12 resultados positivos, e sua partida contra o Treze-PB foi adiada.
— Não vamos estabelecer um mínimo. Acreditamos que com a liberação de testes para todos os inscritos será possível disputar o campeonato — afirmou Feldman.
Outra informação confirmada pelo dirigente é a de que a tabela do Brasileirão será mantida, e não haverá inversão de ordem. A possibilidade chegou a ser levantada porque o Goiás, que teve partida de domingo postergada, já tinha previsto outro adiamento, contra o Grêmio, que disputará a decisão do Gauchão contra o Caxias. O time goiano, certamente, será um dos que viverá o acúmulo de partidas disputadas a cada 48 horas, autorizadas pela Federação Nacional dos Atletas.
Ajustes de protocolo serão feitos pelos departamentos médicos de CBF e clubes, que farão reuniões extras. A tendência, porém, é de que sejam apenas mudanças pontuais. Uma dessas é a necessidade de o clube mandante apresentar os resultados dos exames até 24 horas antes dos jogos, e os visitantes, 12 horas antes de viajar ao destino da partida.
Três perguntas para o secretário-geral da CBF, Walter Feldman
Como a CBF pretende impedir que ocorram novos casos como o de domingo?
Feldman - Liberamos os clubes para realizar testes em laboratórios locais credenciados. Também aumentamos o número de exames, agora todos os inscritos no BID podem ser testados que a CBF banca. Isso vai agilizar o processo. Os mandantes terão de apresentar os resultados dos exames até 24 horas antes das partidas, e os visitantes, 12 horas antes das viagens. As áreas médicas da CBF e dos clubes também vão fazer os ajustes que considerarem pertinentes.
Pretende estabelecer um número mínimo de atletas à disposição para suspender partidas?
Feldman - Por ora, não vamos colocar nem mínimo nem máximo de positivados para suspender. Quando, e se, houver algo assim, analisamos caso a caso. Acreditamos que com o aumento de testes e mais jogadores à disposição, diminuiremos essa situação.
O Goiás já tinha uma partida adiada antes de o campeonato começar (contra o Grêmio, em razão da final do Gauchão), agora teve outra. Terá algum ajuste na tabela para reduzir o problema?
Feldman - A tabela permanecerá inalterada. O que faremos é recuperar jogos atrasados ou suspensos de acordo com o calendário. Muito provavelmente, precisaremos usar a mudança que permitiu jogos a cada 48 horas, com autorização da Federação Nacional dos Atletas.
O protocolo sanitário da CBF em quatro tópicos
- O que diz o protocolo da CBF sobre suspensão de jogos por casos positivos de coronavírus?
Nada. A única vez em que a palavra "positivo" aparece no documento de mais de 60 páginas é para informar que uma pessoa infectada deve ser afastada até a "liberação da comissão médica da CBF". Em entrevista a ZH, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, informou que a entidade analisará caso a caso quando houver necessidade.
- Quem deve ser afastado das partidas e por quanto tempo?
Todos os que testarem positivo. Não é estabelecido um tempo mínimo de quarentena. Eles ficam afastados até que o próximo teste apresente resultado negativo. Em média, ficam fora das atividades por 10 a 14 dias.
- Com que frequência são feitas as testagens?
Sempre antes de cada rodada. A CBF estabeleceu, ontem, que os mandantes devem apresentar os resultados 24 horas antes dos jogos, e os visitantes, 12 horas antes das viagens. A CBF pagava 23 exames por clube, agora aumentou para 40, o número máximo de inscritos no campeonato.
- Como é a regra em outras competições?
Nas competições em andamento da UEFA (Liga dos Campeões e Liga Europa), o protocolo estabeleceu que jogos poderão ser realizados mesmo se houver a confirmação de casos. Para isso, basta que cada equipe tenha pelo menos 13 jogadores disponíveis, sendo um deles obrigatoriamente goleiro. A organização prevê a inscrição de novos jogadores. A equipe perderá por WO se ocorrer um surto e não houver data disponível.