Marcada para a próxima terça-feira (20), a volta às aulas presenciais para o Ensino Médio e Técnico da rede pública estadual ainda gera incerteza na comunidade escolar. O relato de diretores ouvidos por GZH, a cinco dias da retomada, é de que os equipamentos de proteção individual (EPIs) ainda não chegaram, além disso não houve reforço nas equipes de limpeza.
Nesta quinta-feira (15), a reportagem foi em 15 escolas estaduais em Porto Alegre para verificar se as adaptações sanitárias já tinham sido realizadas. Oito estavam completamente fechadas. Nas sete em que havia funcionários, os diretores disseram que ainda não receberam todos os materiais.
O governo do Estado se comprometeu em viabilizar máscaras, termômetros infravermelhos, materiais de desinfecção, além de contratar professores de apoio para substituir aqueles que estão em grupos de risco para garantir a segurança na retomada das atividades.
Professores em grupo de risco e dificuldades na limpeza
Na escola de Ensino Médio Odila Gay da Fonseca, no bairro Ipanema (Zona Sul), o diretor Robson Silva recebia parte dos produtos de limpeza enviados pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc) por volta das 15h. Chegou álcool, água sanitária e outros produtos. Mas faltaram os tapetes sanitizantes, que deveriam ter sido enviados, e os EPIs. Além disso, o diretor ressalta a equipe reduzida de funcionários:
— Nossa escola é muito grande, ocupa todo um quarteirão, com mais de 1,2 mil alunos. É praticamente duas escolas em uma. Com isso, já tínhamos dificuldade de pessoal, tanto de limpeza como de secretaria. Com a pandemia, a situação agravou mais. Mais de 60% da nossa equipe faz parte do grupo de risco, então estamos esperando um reforço.
Para o diretor, a avaliação é de que se a demanda de alunos for grande, "será praticamente impossível dar conta de tudo", levando em conta a necessidade de limpeza constante dos espaços e o baixo quadro de funcionários.
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Monsenhor Roberto Landell De Moura, no bairro Tristeza, também na Zona Sul, a diretora Edimaria Soares de Freitas também critica o baixo número de servidores para receber os estudantes.
— Teria de ter mais gente para monitorar tudo aqui na nossa escola, que tem uma estrutura antiga, de 62 anos. Os pais não querem enviar os filhos. Ainda consideram (a volta às aulas) muito perigosa, além de haver vários casos (de covid-19) nas famílias — comentou.
Também há casos de infecções pela doença entre os servidores, o que também atrasa a preparação. Na Escola Padre Réus, na Tristeza, a diretora deixou a instituição nesta tarde para ir a um hospital. Um funcionário da secretaria da instituição está com coronavírus e, por ter tido contato com ele, precisou realizar teste. O resultado deve sair em cerca de 72 horas.
No colégio Cândido Portinari, no bairro Menino Deus, um cartaz na frente do portão anuncia que há uma funcionária com covid-19. Por isso, as aulas voltarão somente em 3 de novembro.
No Colégio Estadual Afonso Emílio Massot, na Azenha, também não há EPIs e a equipe reclama que há muitos servidores no grupo de risco para o coronavírus. A escola instalou um quadro de aula no pátio, a pedido dos professores. Fora isso, não há nenhuma adaptação para receber alunos.
Os diretores também relataram que a maioria dos pais já confirmou que não irá enviar os filhos para as aulas no cenário atual. Os motivos variam desde a adaptação com o ensino remoto até o temor de contágio dos alunos e da infecção de familiares mais velhos.
O que diz a Seduc
A Secretaria Estaudal da Educação (Seduc) reconhece que a logística para o envio de materiais às escolas é complexa, por envolver um número grande de instituições, mas que segue o planejamento para que aconteça até o retorno das aulas presenciais. Caso alguma instituição não tenha recebido, não estará autorizada a receber alunos.
Sobre a falta de funcionários, a Seduc informou que possui um banco de cadastros e que está contratando professores e servidores de apoio mediante a necessidade da nova realidade e demanda de alunos.
A pasta recebeu repasse de R$ 270 milhões do Tesouro do Estado para a preparação da retomada das aula presenciais.
As aulas do Ensino Médio e Ensino Técnico voltam dia 20 no Rio Grande do Sul. Em 28 de outubro, retorna o Ensino Fundamental (Anos Finais) e, em 12 de novembro, o Ensino Fundamental (Anos Iniciais).