Como em todas as categorias, a pandemia impactou muito a vida dos professores. Mas esse período não se resumiu a desafios e desvantagens para os docentes, que comemoram nesta quinta-feira (15) o Dia do Professor: houve também muito aprendizado, tanto profissional quanto pessoal. É o que mostra a pesquisa Impactos da Pandemia na Pessoa Docente, desenvolvido no programa de pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
O estudo contou com mais de 200 participantes de dezenas de municípios do Rio Grande do Sul e algumas localidades de fora do Estado e do país, que responderam a um questionário online com 25 perguntas em maio. O número mais expressivo de participantes é de docentes de escolas públicas (74,8%), que atuam no Ensino Fundamental (40%) e com mais de 15 anos de docência (36,6%). Eles também representam a maioria (93,6%) das instituições que adotaram o ensino remoto emergencial.
A pesquisa mostrou uma série de desafios profissionais, com destaque para uso de tecnologias, adaptação curricular, comunicação e indícios de sobrecarga de trabalho, entre outras questões, e também aprendizados pessoais, envolvendo expectativa, motivação, criação de um espaço de trabalho familiar etc. Outro ponto de destaque, para os docentes, foi o apoio das instituições e de colegas de trabalho.
A colaboração entre professores foi apontada como um aspecto positivo. Já o impacto do distanciamento social na relação emocional com os estudantes foi registrado como negativo.
— Os docentes revelaram que as dificuldades técnicas e emocionais para se readequar à nova realidade os deixaram muito inseguros — destaca a professora Bettina Steren dos Santos, coordenadora do estudo.
Bettina observa que o período também trouxe importantes perspectivas de superação e de construção de novos conhecimentos, bem como reflexões sobre crenças pessoais e o fortalecimento do valor da educação e do papel do exercício presencial da docência. A pesquisa evidencia ainda o grande abismo presente na relação da escola com a comunidade.
— Não foi possível identificar quais famílias têm condições de acesso às aulas remotas, muitas não dispõem de tecnologia que deem conta, como também não dispõem de tempo para acompanhar as atividades dos seus filhos e retornar aos professores — observa a pesquisadora.
Questionados também sobre como percebiam os estudantes nesse contexto, incluindo aqueles com necessidades específicas ou deficiências, a maioria dos professores apontou apatia e ansiedade, seguido de falta de apoio familiar e tecnológico. Sobre a influência desse momento no processo de aprendizado dos estudantes, os docentes percebem desenvolvimento da autonomia e valorização da escola.