A retomada das aulas presenciais prevista para a próxima terça-feira (20) exigirá um esforço coletivo sem precedentes para que se consiga assegurar o direito à educação e, ao mesmo tempo, preservar a saúde de professores e alunos. As escolas públicas só não são o último setor a retomar as atividades porque o governador Eduardo Leite condicionou a liberação dos eventos à volta às aulas.
Prefeitos que suspenderam as aulas até o final de 2020 e pleiteiam a liberação de eventos em que é mais difícil controlar as aglomerações chamam de chantagem a exigência do Piratini. Não é. O que o governo está dizendo aos prefeitos é que educação não pode ser tratada como supérfluo. Respeitando os protocolos, sanitários, a escola certamente é mais segura do que festa, congresso, show ou outras atividades que propiciam aglomeração.
Esperar pela vacina para só então retomar as aulas ou fazer testes do tipo RT-PCR regularmente, como sugere o Cpers, é inviável. Os testes rápidos só detectam se a pessoa adquiriu os anticorpos.
Mais do que nunca, o que vai fazer a diferença é a postura e o comprometimento da direção das escolas. Se os diretores entenderem que medir a temperatura das crianças é uma forma de proteção coletiva e não apenas um encargo a mais, as chances de sucesso serão maiores. A comunicação com os pais será mais importante do que nunca, seja para desfazer mitos, seja para orientá-los nos cuidados de higiene.
A retomada nas escolas públicas é até mais necessária do que nas instituições particulares, onde, de um modo geral, as crianças tenham equipamentos e conexão com a internet melhores do que a dos alunos da rede pública. Mesmo que se considere o ano de 2020 perdido, quanto mais demorar a retomada das aulas presenciais maior será o prejuízo para os alunos que hoje estão com pouca ou nenhuma atividade.
O esquema proposto para a volta às aulas é gradual, com turmas menores e manutenção do estudo em modo remoto para os pais que quiserem manter os filhos em casa. Professores do grupo de risco seguirão trabalhando de casa, mas os que não tiverem problema de saúde terão de voltar, como já retornaram profissionais de outras áreas em que o teletrabalho não pode ser estendido para sempre.
Aliás
Para que o retorno se dê com segurança, o Estado terá de garantir os equipamentos proteção individual e assegurar que todas as escolas tenham água e banheiros adequados. Sete meses foram suficientes para consertar problemas estruturais, mas se ainda remanescer algum a comunidade precisa cobrar do governo.
Estado de alerta
Assim como na Europa está ocorrendo uma segunda onda, com fechamento de setores que tinham voltado à normalidade, os gaúchos precisam estar preparados para dar um passo atrás se for preciso. A volta às aulas nas escolas privadas do Interior não fez disparar o número de casos.