- O governo do Estado do Rio Grande do Sul realizou nesta quarta-feira (14) coletiva para falar sobre o cronograma de retorno às aulas presenciais na rede pública estadual.
- A reunião contou com a presença do governador Eduardo Leite, dos secretários de Educação do RS, Faisal Karam, e da Saúde, Arita Bergmann.
- Retorno ocorrerá seguindo regras sanitárias e de distanciamento, com os estudantes fazendo um rodízio para evitar que a ocupação das salas seja superior a 50% da capacidade
Na véspera do Dia do Professor, o governo gaúcho anunciou o calendário para o retorno do ensino presencial na rede estadual. De acordo com calendário apresentado na tarde desta quarta-feira (14), as aulas serão retomadas inicialmente com Ensino Médio e Ensino Técnico na próxima terça-feira (20). Em 28 de outubro, retorna o Ensino Fundamental (Anos Finais) e, em 12 de novembro, o Ensino Fundamental (Anos Iniciais). Para garantir a segurança da comunidade escolar, o Piratini anunciou a compra de R$ 15 milhões em equipamentos de proteção individual.
As atividades presenciais estarão autorizadas apenas nas regiões com bandeiras amarela e laranja no sistema de Distanciamento Controlado. Naquelas classificadas em bandeira vermelha, as aulas presenciais nas escolas estaduais permanecerão suspensas.
O retorno ocorrerá seguindo regras sanitárias e de distanciamento social semelhantes aos protocolos definidos para o ensino privado, já autorizado a voltar desde setembro. Os estudantes farão um rodízio para evitar que a ocupação das salas seja superior a 50% da capacidade. Para isso, a cada semana, metade da turma assistirá às aulas nas escolas, enquanto o restante continuará com aulas online. Os estudantes com dificuldade em acompanhar as lições remotamente receberão temas para realizarem em casa em sua semana remota.
— Sabemos que muitos pais não mandarão os filhos no início, então, a capacidade de até 50% deverá ser respeitada automaticamente. Mas conforme haja maior movimentação, as escolas deverão organizar as turmas — afirmou o secretário estadual da Educação, Faisal Karam.
Para voltarem a frequentar as escolas, os alunos precisarão apresentar termo de responsabilidade assinado pelos responsáveis, atestando sua condição de saúde. A orientação para os pais é que não mandem os filhos de volta à escola caso apresentem sintomas gripais. Também foi definido que avaliações, formaturas e celebrações de final de ano serão apenas virtuais.
Para viabilizar as medidas de precaução, o governo do Estado investirá R$ 270 milhões. Além da compra de EPIs, serão adquiridos materiais de desinfecção e contratados professores de apoio para substituir aqueles que estão em grupos de risco. Estão sendo adquiridos 9,8 mil termômetros infravermelhos, 328 mil máscaras infantis, 1,9 milhão de máscaras infantojuvenis e 1,3 milhão de máscaras para adultos.
De acordo com o governador Eduardo Leite, toda a rede estadual deverá respeitar o calendário definido.
— Professores que façam parte do grupo de risco poderão desempenhar seu trabalho remotamente. Mas aqueles fora do grupo de risco e que não voltarem terão computadas faltas no dia de trabalho — alertou.
Ao justificar a retomada das aulas, Leite mencionou a desaceleração do contágio do coronavírus no Estado e a redução da ocupação dos leitos de UTI, atualmente em 71%. Para a Secretária Estadual da Saúde, Arita Bergmann, os resultados do retorno da rede privada mostram que há segurança para que as aulas presenciais voltem a ocorrer também na rede pública.
— Acho que estamos no melhor momento para a retomada deste calendário — afirmou.
A vice-presidente do Cpers, Solange Carvalho, manifestou indignação com o anúncio de volta às aulas na rede pública estadual. Segundo a professora, a revolta “é imensa” na categoria, argumentando que o governo está fazendo com que professores e alunos corram risco desnecessário durante a pandemia.
— Não tem nenhuma lógica a volta às aulas (presenciais) agora, faltando dois meses para acabar o ano. Familiares dos alunos e os professores são favoráveis à continuidade das atividades remotas até o fim do ano letivo — sustenta Solange.
O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Maneco Hassen, também fez críticas. Ele ficou surpreso com uma resposta do governador durante a entrevista coletiva.
— Se o prefeito argumenta que não tem segurança para um retorno presencial das aulas, não é razoável que voltem festas, eventos e atividades outras de entretenimento — disse Leite, ao responder a uma pergunta sobre municípios que ainda não liberaram aulas.
Para Maneco, isso fere a autonomia dos municípios:
— Se a maioria dos prefeitos não tem essa confiança, o governador não pode condicionar liberação de outras atividades à volta das aulas.