Em entrevista ao programa Gaúcha+ nesta quinta-feira (2), o vice-presidente Hamilton Mourão comentou sobre os bloqueios nas verbas para todas as universidades e institutos federais. De acordo com o general da reserva, a matéria é uma questão de contingenciamento, uma vez que o corte ainda não foi realizado:
— A expectativa de arrecadação ao longo desse primeiro semestre está muito aquém daquilo que havia sido planejado. Portanto, o ministério da Economia passou essa régua, esse contingenciamento, atingindo a todos os ministérios. Óbvio que, dentro de cada ministério, o gestor vai selecionar onde ele vai colocar a maioria dos seus recursos. Então acredito que a gestão do Ministério da Educação esteja priorizando outros itens.
De acordo com Mourão, por se tratar de contingenciamento, caso a reforma da Previdência seja aprovada, a expectativa é de um aumento de arrecadação e, consequentemente, a liberação desses recursos.
Na terça-feira (30), antes do anúncio do bloqueio, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que a pasta tiraria até 30% dos recursos de instituições de ensino superior universidades enquadradas no critério e que estivessem fazendo o que o ministro definiu como "balbúrdia". Questionado sobre os critérios que levariam ao corte, Mourão evitou dar muitos detalhes, mas comentou sobre a fala do ministro:
— O ministro está usando critérios técnicos, essa é a minha visão. A pergunta anterior da Carolina (Bahia), que ela falou da parte ideológica, eu acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra, é uma questão técnica.
Ouça, abaixo, a entrevista na íntegra:
O vice-presidente também se pronunciou sobre a questão da crise na Venezuela. Na terça-feira (30), milhares de venezuelanos contrários e favoráveis a Nicolás Maduro tomaram as ruas. Eles responderam às convocações do presidente e do autoproclamado presidente, o opositor Juan Guaidó. Desde o início dos protestos, quatro pessoas foram mortas e dezenas foram feridas.
— Nós (governo brasileiro) estamos olhando isso com todo o cuidado, com toda a dedicação e com toda a cautela necessária, principalmente para que o país vizinho consiga buscar essa solução de uma forma pacífica — disse.
O aumento das tensões na país vizinho gerou repercussões no mundo todo. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a ameaçar usar forças militares para mudar o regime no país latino. Mourão, no entanto, descartou a possibilidade de auxiliar uma ação do tipo:
— O presidente (Jair) Bolsonaro, na característica de chefe de governo, de chefe de Estado, deixou bem claro que a possibilidade de uma intervenção militar, do uso do território brasileiro por forças de outra nação é praticamente zero.
Após conflitos em Pacaraima — cidade fronteiriça com a Venezuela — e a necessidade de realocação de pessoas, a questão dos refugiados ganhou força desde 2018. No entanto, o vice-presidente avalia que não há a possibilidade do aumento de fluxo de venezuelanos que vêm ao Brasil por conta da crise no país vizinho, uma vez que as cidades localizadas ao lado de Roraima são pouco povoadas.
Por fim, sobre as discussões com o escritor Olavo de Carvalho e um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro, a possibilidade de existir uma articulação política de Mourão para tomar o mais alto cargo no Palácio do Planalto foi completamente descartada:
— O presidente sabe muito bem da minha lealdade à ele, até porque, na profissão que eu exerci por 45 anos e ele (Bolsonaro) por 15, lealdade é um valor que a gente não entrega de forma alguma. Ela é fundamental para a profissão militar. Então ele sabe da minha lealdade à ele e ao projeto dele.