Jair Bolsonaro voltou a negar nesta sexta-feira (22) o apoio do Brasil a uma intervenção militar na Venezuela. Na cúpula que marcou a criação do Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul), o presidente disse que "tem gente divagando aí, da nossa parte não existe essa possibilidade de intervenção."
— É difícil falar de Venezuela, porque eu digo que a ditadura da Venezuela se fortalece na fraqueza do Maduro — afirmou Bolsonaro. — Ele não decide seus atos. Uma parte dos 2 mil generais (estão) ao lado dele, alguns narcotraficantes, tem lá aproximadamente 60 mil cubanos, que decidem também pelo Maduro, temos as milícias, tem terroristas, esse pessoal faz com que Maduro fique de pé.
A possibilidade de uma intervenção na Venezuela enfrenta resistência na ala militar do governo brasileiro, que é contrária a qualquer ação que extrapole a ajuda humanitária na fronteira.
Durante o encontro entre Bolsonaro e Trump em Washington, na terça-feira (19), o assunto Venezuela foi tratado. Após a reunião na Casa Branca, o presidente brasileiro afirmou que vai vai atuar com "diplomacia até as últimas consequências" diante da crise no país vizinho, mas não negou enfaticamente a possibilidade de apoiar uma ação militar.
A falta de uma negativa foi interpretada como um esforço para não desagradar o americano, mas também ligou o alerta de oficiais generais da ativa do Exército.
Em entrevista divulgada nesta sexta-feira, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, disse que para tirar Maduro do poder "de alguma maneira vai ser necessário o uso da força". A declaração foi dada ao jornal chileno La Tercera.
Na entrevista após a cúpula do Prosul, Jair Bolsonaro também comentou o fato de Uruguai e Bolívia não terem assinado o acordo que lançou o bloco.
— São países que estão um pouquinho ainda ligados aos presidentes anteriores, mas quem vai decidir o futuro desses países será o seu respectivo povo.
O Prosul surge após esvaziamento da Unasul, bloco idealizado pelo venezuelano Hugo Chávez (1954-2013) e que foi sendo abandonado por vários países justamente por não estarem dispostos a dialogar com a Venezuela nas condições atuais.
Bolsonaro afirmou que a Unasul "já está extinta".
— Falta a prática, e a Prosul está aparecendo. Não podemos admitir que as políticas dos países daqui sejam movidas por ideologia. A Unasul começou bem, depois foi para um viés ideológico e começou a fazer parte de uma política de poder.