Em painel sobre a segurança pública na tarde desta sexta-feira (22), em Porto Alegre, o presidente da República em exercício, general Hamilton Mourão, defendeu a redução da maioridade penal, fez críticas à progressão de pena e disse que "presídio não pode ser local de recreação". Diante de um público formado em sua maioria por admiradores, amigos e colegas do Exército, Mourão disse estar feliz por voltar ao Rio Grande do Sul, foi aplaudido e até brincou com conhecidos na plateia.
Organizado pelo gabinete do deputado estadual tenente-coronel Luciano Zucco (PSL), o evento também teve a participação do secretário nacional de Segurança Pública, general Guilherme Theophilo, e do vice-governador e secretário de Segurança Pública do Estado, Ranolfo Vieira Júnior.
Antes de Mourão falar, Theophilo deu a tônica do que pensa o atual governo sobre o sistema prisional, sob o olhar de aprovação do presidente em exercício. O general, que concorreu ao governo do Ceará pelo PSDB nas últimas eleições (e perdeu), destacou a necessidade de "colocar preso para cantar o hino, para fazer faxina, para trabalhar". Citou um exemplo do Estado natal, onde, segundo ele, existem o "dia do presidiário" e a "noite do amor", com visitas íntimas liberadas, onde "ninguém é de ninguém". Arrancou gargalhadas e aplausos do público.
— Preso não tem de estar em motel. Preso tem de estar preso — disse o Theophilo.
Convidado a falar pelo deputado Zucco, Mourão fez graça, dizendo que "o Guilherme já disse tudo". O braço direito de Jair Bolsonaro afirmou, então, que "a cadeia não pode ser local de férias para quem comete crime":
— Numa sociedade de massa, só tem uma coisa que coíbe a anarquia: é o primado da lei. Isso a gente aprende desde cedo em casa, quando a gente faz algo errado e o pai e a mãe botam de castigo. O presídio não pode ser local de recreação. Tem de haver disciplina lá dentro.
Sobre a discussão em torno da redução da maioridade penal, Mourão disse estar "100% alinhado" com Bolsonaro.
— Fica-se muito na discussão da questão dos direitos humanos. O que vejo é que os adolescentes de hoje têm muito mais informação do que os adolescentes do meu tempo. Eles sabem muito bem o que estão fazendo. Temos de lidar sem preconceitos com a questão da maioridade penal. Matou alguém? Se tem 12, 13, 14 anos, vai cumprir a pena como se tivesse 20, 30, 40 — concluiu.
Para o presidente em exercício, "progressão de pena é prêmio":
— O cara matou uma pessoa e pouco depois já está nas ruas. A progressão é muito benéfica para quem comete crimes hediondos. Essa é a posição do presidente Bolsonaro e do ministro Sergio Moro — ressaltou.
Mourão também discorreu sobre a necessidade de investir em tecnologia e a importância de pressionar países vizinhos para reforçar a segurança nas fronteiras:
— Não adianta só fazer o trabalho do lado de cá. O lado de lá tem de fazer a sua parte.
Ao final do evento, o convidado ainda comentou o massacre de Suzano. Para Mourão, esse tipo de crime "tem de ser muito bem estudado".
— Brincadeira em colégio sempre houve e nunca ninguém saiu dando tiros em ninguém. Então o que foi que houve com os nossos jovens? — questionou.
Pela manhã, o presidente em exercício visitou o governador Eduardo Leite no Palácio Piratini, onde deixou claro que compreende a difícil situação financeira do Estado e afirmou que a União deve ajudar. Mourão também prometeu apoio a pautas reivindicadas por Leite, como a adesão ao regime de recuperação fiscal, a manutenção da Força Nacional no Rio Grande do Sul, a reestruturação do sistema penitenciário e a duplicação da BR-116.
Na manhã deste sábado (23), Mourão prestigiará a solenidade aniversário de Colégio Militar de Porto Alegre. A instituição onde ele estudou completa 107 anos.