Os presidentes de Chile, Colômbia, Argentina, Brasil, Equador, Peru e Paraguai lançaram nesta sexta-feira (22) o Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul). A reunião ocorreu no Palácio de la Moneda, sede da presidência chilena. O novo bloco regional exclui a Venezuela de seus participantes e visa substituir a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
A declaração final foi assinada pelos sete presidentes que participaram da cúpula, além de um representante da Guiana. O Uruguai e a Bolívia, que enviaram representantes para a reunião, não assinaram.
— Foi um bom dia para a colaboração, o diálogo, o entendimento e a integração na América do Sul, porque por mais de cinco anos os presidentes da América do Sul não tiveram a oportunidade de se encontrar — disse o presidente chileno Sebastián Piñera, após a assinatura da declaração que inicia o processo de constituição do bloco.
De acordo com Piñera, o novo fórum será "aberto a todos os países da América do Sul e sem ideologias".
O novo espaço deve ser implementado gradualmente. Ele terá "uma estrutura flexível, leve e não onerosa, com regras operacionais claras e um ágil mecanismo de tomada de decisão que permitirá à América do Sul avançar em entendimentos concretos e programas de integração baseados no interesses comuns dos Estados e de acordo com suas realidades nacionais".
Entre os requisitos para participar deste espaço estão: "a plena vigência da democracia, das respectivas ordens constitucionais, o respeito pelo princípio da separação dos Poderes do Estado, e a promoção, proteção, respeito e garantia de direitos humanos e liberdades fundamentais, bem como a soberania e integridade territorial dos Estados, no que diz respeito ao direito internacional".
Por conta dessas exigências, a Venezuela é excluída do grupo, pois o governo de Nicolás Maduro foi declarado ilegítimo pelos presidentes presentes no encontro.
Na antessala, o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, rejeitou a criação deste novo fórum porque, na sua opinião, ele comete os mesmos "erros" da Unasul, que nasceu com "um objetivo ideológico".
Além disso, grupos de organizações de esquerda e de direitos dos homossexuais protestaram nesta tarde de sexta-feira em Santiago contra a "cúpula de líderes de direita" e a presença de Bolsonaro no Chile. Ainda, os presidentes chilenos da Câmara e do Senado se recusaram a participar do almoço oficial com Bolsonaro.
Venezuela
Embora impedida de participar do bloco, a questão da Venezuela esteve muito presente no encontro. Nas horas que antecederam o fórum, o presidente colombiano Iván Duque revelou que havia conversado com Piñera e outros líderes da região sobre a possibilidade de dar asilo aos desertores militares do governo de Maduro, com a ideia de que um "efeito dominó" seria gerado para que uma grande parte das tropas deixe de apoiar o governante venezuelano.
— É um tema que temos conversado com vários países após os eventos de 23 de fevereiro —disse Duque em entrevista ao Canal 13, referindo-se à tentativa frustrada de vários líderes de ingressar com ajuda humanitária na Venezuela pela cidade de Cúcuta.
Segundo Duque, até agora seu país recebeu 1,2 mil militares venezuelanos desertores.
Unasul
No ano passado, Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Peru e Paraguai anunciaram a suspensão de sua participação na Unasul. Na semana passada, o presidente do Equador, Lenin Moreno, também solicitou a devolução do prédio que abriga a secretaria geral, financiada e doada por Quito durante o governo do presidente de esquerda Rafael Correa (2007-2017).
Dessa forma, a Unasul, que em princípio era composta por 12 nações, está reduzida a um grupo de cinco países: Bolívia, Guiana, Suriname, Uruguai e Venezuela.