O conservador Sebastián Piñera, 68 anos, venceu a eleição contra o governista Alejandro Guillier neste domingo (17) e será, mais uma vez, o presidente do Chile. Com 98,44% das urnas apuradas, Piñera tinha 54,57% dos votos.
Piñera governou o Chile entre 2010 e 2014, no primeiro triunfo da direita em 50 anos. Até o momento, ele tem 54,40% dos votos. Ele irá substituir a socialista Michelle Bachelet no próximo dia 11 de março, segundo a tendência dos votos.
Guillier, que é jornalista, cumprimentou Piñera e reconheceu a "dura derrota". Ao mesmo tempo, convocou a centro-esquerda a defender as reformas sociais promovidas pela socialista Michelle Bachelet.
Piñera, que assumirá em 11 de março, teve cerca de 200 mil votos a mais do que em 2009, sua primeira eleição, segundo dados preliminares. Também de acordo com informações preliminares, teriam votado quase 7 milhões dos 14,3 milhões convocados.
Assim como em países como Brasil, Argentina e Peru, os chilenos deram um giro para uma política mais conservadora. As eleições de novembro haviam se convertido em um plebiscito sobre as reformas empreendidas pela socialista Bachelet, única mulher ainda governante na América Latina.
Embora o movimento Chile Vamos, do presidente eleito, tenha sido a força mais votada nas eleições legislativas de novembro, Piñera não contará com a maioria para governar, e terá que fazer um pacto com outras forças para levar adiante qualquer reforma.
Quem é Sebastián Piñera
O bom faro para os negócios levou Sebastián Piñera a se tornar um dos homens mais ricos do Chile. Já sua persistência o conduziu a ser o primeiro presidente de direita em quase 50 anos. Agora, ele volta ao cargo pela segunda vez para reconduzir a direita ao poder no país.
Piñera é o único político de direita a governar o Chile em duas ocasiões. O caminho sempre foi trilhado enquanto manejava seus negócios, que o levaram a acumular uma fortuna avaliada em 2,7 bilhões de dólares, segundo a revista Forbes. Ele transitou por uma linha tênue que se confunde entre a gestão de seu patrimônio e os deveres de um homem de Estado, e teve que dobrar o seu caráter impulsivo para ganhar a confiança do eleitorado de centro-direita.
— Não pode se dedicar a ganhar dinheiro e governar o país. Ou um, ou outro —, acusou o candidato governista Alejandro Guillier, adversário no segundo turno da disputa presidencial.
Quando Piñera chegou em 2010 à Presidência, aos 60 anos, após duas décadas de carreira política e quatro eleições presidenciais na bagagem, ele dilatou a venda de ações de uma emissora de televisão, da companhia aérea LAN (agora Latam, após a fusão com a brasileira TAM) e o time de futebol Colo-Colo.
Direita mais forte
Em 2009, Piñera rompeu com décadas de hegemonia de governos de centro-esquerda (em 2005, ele havia sido derrotado pela socialista Michelle Bachelet) para alcançar a presidência do Chile. Antes, ele foi deputado e senador, liderando, depois do retorno à democracia, a renovação da direita com a chamada "Patrulha juvenil".
Devido a tropeços e às piadas públicas por conta de seus erros frequentes ao citar dados históricos, compilados pelo semanário "The Clinic" nas chamadas "Piñericosas", Piñera se manteve moderado nesta campanha de reeleição, traçada desde o dia em que deixou La Moneda com 50% de apoio.
Um primeiro aviso de suas intenções foi dado durante seu governo anterior, quando enfrentou o próprio setor ao anunciar o fechamento de uma prisão especial para repressores e qualificar civis que apoiaram a ditadura de "cúmplices passivos".
— Não quero aprofundar divisões ou desencontros no interior da centro-direita, quero o contrário — disse Piñera ao anunciar o fechamento da cadeia que abrigava principais repressores do regime de Pinochet.
Nova campanha, velhos problemas
Em meio à queda da popularidade de Bachelet após o escândalo de corrupção que envolveu seu filho mais velho, a imagem de Piñera como homem próspero voltou a agradar ao eleitorado chileno. Como resultado, tornou-se o favorito para as eleições presidenciais.
Com sua nova candidatura voltaram também à cena pública seus tiques nervosos - um incômodo movimento de ombros -, seu rosto franzido, o ostentoso relógio vermelho que rompe com sua preferência pelos ternos escuros e as piadas com as quais costuma fazer frente a situações públicas.