As declarações de John Bolton, assessor de Segurança Nacional do governo Donald Trump, deixaram no ar um suposto plano para retirar Nicolás Maduro do poder. Se de fato existiu, deu errado.
Nada foi dito desde então. Mas algumas informações vazaram para veículos americanos e venezuelanos por meio de fontes na Casa Branca nas últimas horas. O acordo para mudança de regime teria surgido a partir de troca de telefonemas entre Bolton e o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, nos últimos meses. O militar, um dos homens mais próximos de Maduro, e outros ministros e generais se comprometeriam com Juan Guaidó em diferentes pontos. As exigências teriam sido redigidas pelos opositores.
Nesses documentos estariam previstas ações até a convocação de eleições dentro de 30 dias a partir do momento em que o alto comando das forças armadas reconhecesse Guaidó como presidente interino do país.
Ao mesmo tempo, em acordo com Maikel Moreno, presidente do Supremo Tribunal de Justiça, a corte declararia ilegítima a Assembleia Constituinte, órgão que encampou o parlamento da Venezuela. A partir daí, o major general da Guarda Nacional, Iván Rafael Hernández Dala, se dirigiria até Maduro no Palácio Miraflores para notificiá-lo a abandonar o país rumo a Cuba ou seria detido por ordem judicial. Ato contínuo, os cerca de 20 mil a 25 mil cubanos que os Estados Unidos acreditam que estão no país em apoio a Maduro deveriam deixar o território venezuelano.
O acordo seria firmado na base aérea de La Carlota, em Caracas. Foi na frente dessa unidade militar que Guaidó apareceu na terça-feira (30) ao lado de Leopoldo López e de militares dissidentes.
Embora tenham vazado mais detalhes do plano, ainda não está claro o que teria saído errado. Fala-se que Padrino teria recuado.
Maduro permaneceu quase toda terça-feira sem aparecer nas redes sociais ou na TV, o que chegou a levantar boatos de que teria fugido do país. A cara do regime para o mundo ao longo do dia da rebelião era justamente Padrino, que foi a público jurar lealdade do ditador no final da manhã. Nesta quinta-feira, o ministro apareceu à direita de Maduro na marcha pelas ruas de Caracas.
Não há confirmações independentes sobre se o plano de fato existiu. Ou se os serviços de inteligência americanos estariam vazando detalhes a fim de semear a desconfiança entre Maduro e a cúpula militar.