Depois de mais de três décadas de eleições por aclamação, a indústria gaúcha voltou às urnas, nesta terça-feira (21), para escolher entre duas propostas de gestão para a Federação e o Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs/Ciergs). Com diferença de um voto apenas (54 a 53), o empresário Cláudio Bier venceu a disputa contra Thômaz Nunnenkamp, da Chapa 2, toma posse em julho e presidirá a instituição até 2027.
Figura conhecida do setor no Estado, Bier preside o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers) há 23 anos. Ele relata ter ficado na fila de sucessão da Fiergs, desde 2011, quando abriu mão do posto para que Heitor José Müller, com mais tempo de casa do que ele, pudesse assumir, por dois mandatos. O mesmo aconteceu em 2017, quando Gilberto Petry, o atual presidente passou a ocupar o posto, tendo Claudio Bier como um de seus vice-presidentes.
– Há 38 anos a entidade não tinha um grupo de oposição. Agora, houve uma chapa que resolveu lançar candidatura, o que é natural do processo democrático, mas eu já estava na fila e agora é a minha vez – declara o novo presidente que assume o posto em um momento delicado para a a indústria e para o RS.
Segundo alerta Bier, hoje, a própria sede da entidade está alagada e 90% das fábricas gaúchas estão afetadas. As que não estão submersas registram problemas com funcionários que tiveram as casas alagas. Além disso, ele aponta para o desafio logístico. Há dificuldade para acessar matérias-primas e os produtos acabados não têm rotas de saídas das plantas para chegarem até o mercado, por falta de pontes e estradas.
Por essa razão, Bier foi um dos diretores da entidade que estiveram em Brasília para entregar ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, um pleito com 40 medidas, cujo impacto econômico é estimado em R$ 100 bilhões.
– Pedimos 100 bilhões, que é o que nós achamos que precisamos para recuperar as indústrias. O Rio Grande do Sul está vivendo um cenário de pós-guerra. E a Fiergs terá um protagonismo muito grande para ajudar o Estado a sair dessa crise e ajudar as suas indústrias – acrescenta.
Trajetória
Natural de Santo Antônio da Patrulha, o novo presidente da Fiergs chegou a Porto Alegre com 11 anos. Antes de adquirir a Masal, em 1983, atuou nos ramos dos transportes e extração de madeiras.
Quando comprou a empresa sediada em sua cidade natal, conseguiu executar uma reestruturação difícil, impedindo a falência e mantendo centenas de empregos. Após a recuperação da saúde financeira, a Masal abriu um complexo industrial em Farroupilha e se tornou uma empresa globalizada com significativas atividades comerciais na China, Turquia e países da América Latina.
Como presidente do Simers, há pouco mais de 20 anos, idealizou a criação de um espaço para exposição de máquinas e implementos agrícolas dentro da Expointer, o que ajudou a dar protagonismo e maior dimensão ao segmento. A área, que era um banhado degradado no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, foi recuperada e ajudou a tornar a feira uma das mais representativas do país em volume de negócios gerados. Como consequência, o segmento de máquinas representa atualmente mais de 95% do faturamento da feira.