Rio Grande viveu período de pujança econômica entre 2005 e 2016, com o polo naval, e em especial a fabricação de plataformas para extração de petróleo, alavancando a economia e o padrão de vida locais. A partir de 2016, no entanto, o setor entrou em crise e hoje a cidade no sul do Rio Grande do Sul busca alternativas para se desenvolver.
Sem abandonar a expectativa de retomada de um setor que elevou o município ao posto de quarto maior produto interno bruto do Estado, a aposta agora é na geração de energia.
Uma das frentes de mobilização busca tornar o Litoral Sul um celeiro de parques eólicos offshore. Vinte e sete projetos para o Estado tramitam no Ibama aguardando licenciamento ambiental. Rio Grande espera atrair ao menos três parques, cuja estrutura seria fabricada nos estaleiros do município.
Instalados a uma distância média de 20 quilômetros da costa, os aerogeradores marinhos têm 340 metros de altura e pás com 150 metros de comprimento. Com tamanha envergadura, é praticamente impossível transportar os equipamentos por rodovia.
— É um negócio talhado para um estaleiro desse tamanho. Temos fábrica, cais, dique seco, capacidade de carga de solo, infraestrutura de retroporto, e nenhum impedimento para saída de grandes embarcações. Não tem nenhum outro lugar no Brasil com essas características — afirma o diretor operacional do Estaleiro Rio Grande, Ricardo Ávila.
Até 2030, serão investidos R$ 175 bilhões em energia eólica no país somente para os projetos já contratados em leilões. Os parques offshore ainda precisam de regulação, cujo marco legal aguarda aprovação no Senado. A expectativa é de começo das operações na próxima década.
Em Rio Grande, além de associar a atividade aos estaleiros, há interesse em usar o excedente de energia gerado em alto-mar para produzir hidrogênio verde, integrando a cadeia à indústria de fertilizantes estabelecida no município.
— Rio Grande tem condições de se tornar polo de produção de hidrogênio verde, abastecendo as sete misturadoras de fertilizantes locais e inclusive exportando — projeta o superintendente do porto de Rio Grande, Fernando Estima.
Outra aposta energética é a instalação de uma termelétrica a gás, cujo investimento alcança R$ 6 bilhões. Abandonado pelo grupo Bolognesi, o empreendimento depende de autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para ser repassado ao grupo Cobra.
— Essa termelétrica vai gerar emprego, renda e um terço da energia consumida no Estado. Não vamos mais precisar importar. Mas estamos atados esperando a decisão da Aneel — lamenta o prefeito Fábio Branco.