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Lideranças empresariais elogiam o plano de reabertura da economia desenhado pelo governo estadual, mas ponderam que a recuperação das perdas causadas pelo coronavírus tende a ocorrer em ritmo lento. Segundo dirigentes de entidades gaúchas, incertezas relacionadas ao comportamento da pandemia dificultam projeções sobre o andamento dos negócios nos próximos meses.
Leia a íntegra do decreto 55.240, do governo do Estado
Leia a íntegra do decreto 20.534, da prefeitura de Porto Alegre
Batizado como distanciamento controlado, o plano do governo Eduardo Leite entrou em vigor nesta segunda-feira (11). Para permitir a reabertura de empresas, o modelo leva em conta a importância de 12 setores econômicos para 20 regiões do Estado, além das condições epidemiológicas dessas áreas. Ou seja, a retomada dos negócios tende a ser mais flexibilizada em locais com maior capacidade de atendimento a pacientes.
— É positiva a ideia de usar dados de saúde para montar protocolos, que podem ser aprimorados com o tempo. Agora, há incertezas na economia, porque não sabemos como vai ser a retomada, se vai ser intermitente ou não, enquanto não houver uma vacina contra o vírus. A Coreia do Sul, por exemplo, registrou novos casos e teve de fechar bares outra vez — compara Daniel Randon, presidente do movimento Transforma RS, que reúne lideranças empresariais no Estado.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, avalia que o plano de distanciamento controlado é "de boa qualidade". O dirigente pondera que parte das fábricas já vinha adotando medidas previstas no modelo, como a redução no número de trabalhadores nas linhas de produção. Petry acrescenta que dificuldades enfrentadas pelo comércio também afetam a reação industrial neste momento:
— Diria que a recuperação não será lenta, mas extremamente lenta. Até as pessoas voltarem a consumir vai levar um tempo.
Para o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn, o distanciamento controlado é "muito bom como um todo", mas traz pontos que colocam em xeque a manutenção de empregos nas lojas. O principal, diz o dirigente, é o limite de funcionários em cada empresa.
— Alguns municípios não tinham esse tipo de restrição. Se o Estado não mudar o seu decreto, as prefeituras vão acabar revendo os seus, o que será pior — afirma Bohn.
Mesmo com a autorização para o comércio operar na maior parte do Rio Grande do Sul, lojas de shoppings permaneceram fechadas em Porto Alegre. A Capital está em uma região de bandeira laranja no plano estadual, o que permitiria a operação reduzida dos estabelecimentos. Contudo, um decreto municipal ainda impede as atividades.
— A ideia de retomada gradual é muito interessante. Ajudaria bastante na Capital — pontua o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse.
Campanha de apoio a produtos locais
A Assembleia Legislativa lançou nesta segunda-feira uma campanha que busca estimular o consumo de produtos gaúchos em meio à crise. Batizada como Escolha de Valor, a ação foi apresentada durante a oitava reunião do Fórum de Combate ao Colapso Social e Econômico do RS. O evento, realizado por videoconferência, reuniu parlamentares e empresários do Estado.
— Entendemos que uma campanha para estimular o consumo local seria fundamental — frisou o presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo (PP).
Depois de abrir o fórum, o deputado passou a palavra para o publicitário e estrategista de marcas João Satt, presidente do G5, grupo formado por empresas como a Competence. Satt destacou que a pandemia muda hábitos de consumo e tende a elevar a digitalização dentro das companhias.
Em seguida, Daniel Randon, presidente do movimento Transforma RS, reforçou que a "nova realidade" causada pelo coronavírus traz incertezas e faz "rever conceitos". Segundo ele, a saída da crise passa pela maior cooperação entre empresas, universidades e poder público.
Durante o fórum, um dos pontos repetidos por empresários foi a dificuldade de acesso a crédito durante a pandemia. Eles frisaram que avanços nessa área são cruciais para aliviar o caixa de empresas em momento de queda nas receitas.