O distanciamento social vem mudando comportamentos. Muitos querem a volta ao normal, outros acreditam que nada será como antes. Para ajudar a entender o que está acontecendo agora e projetar o que pode ocorrer no fim da crise, João Satt, presidente do G5, grupo formado pelas empresas TWF/Competence e Sunbrand, tomou a iniciativa de organizar uma pesquisa realizada com mil gaúchos entre 1º e 3 de abril (veja gráficos abaixo).
Um dos principas objetivos, explicou à coluna, foi captar as tendências do novo comportamento dos consumidores:
– Precisamos pensar no que vai acontecer depois do confinamento, para saber se essa experiência está ou não produzindo uma nova consciência. Queremos olhar para o futuro depois que os portões se abrirem.
Para Satt, uma das principais consequências foi o fato de muitas pessoas passarem a conviver quase 90% no universo online.
– Eu mesmo, que jamais havia feito uma live, agora faço nove ou 10 por dia – brinca.
Pondera que a pesquisa aponta os primeiros efeitos dessa experiência, porque as mudanças de comportamento devem ser mais profundas na a medida em que forem percebidas todas as consequências. Lista três principais constatações:
1. O desemprego e a lenta retomada da economia farão com que o consumidor seja mais receoso e crítico em analisar ofertas e, principalmente, assumir compromissos de médio e longo prazo.
2. A experiência de viver, trabalhar e estudar em casa, com ajuda do universo online, fez com que as pessoas passassem a ter nova relação com ambientes analógicos e físicos.
3. Houve aceleração da digitalização já em curso, devido à necessidade do uso de ferramentas tecnológicas.
Uma das principais conclusões é que a redução do poder de consumo acentuou o consumo essencial: há interesse em gastar mais em alimentação, saúde e ensino. Os dois primeiros são óbvios, avalia, mas o ensino chama atenção, por embutir a perspectiva de reinvenção dos profissionais. Conforme a pesquisa, 51,3% dos entrevistados afirmam que estão interessados em descontos à vista, sem preferência por compras em ambiente físico ou digital, mas no modo mais conveniente possível (59,6%).
Outro aspecto revelado foi a oposição entre desejo e medo, acrescenta Satt. No primeiro impulso, os consumidores querem voltar à rotina depois do distanciamento (53,8%), viajar (39%), investir em estudos (21,3%), reformar a casa (16,75), comprar automóvel (12,1%) ou trocar o veículo atual (11%). No segundo, aparece a dúvida de se, retomando a vida normal, não haverá risco de contágio. O medo de aglomeração deve prevalecer por mais tempo, arrisca:
– A pessoa quer viajar, mas não agora. Quer voltar a frequentar bares e restaurantes, mas não neste momento.
Um último e importante recado é que, para 84,7% dos pesquisados, as empresas que demonstraram sensibilidade e solidariedade durante a crise ganharam seu afeto. Por isso, encerra a lista de conclusões com esta: renascerão e sobreviverão aos impactos do covid- 19 marcas e negócios que souberem se conectar com as novas necessidades das pessoas.