Considerado o maior negócio aeroespacial da história do Brasil, a compra da área de aviação civil da Embraer pela Boeing foi cancelada. Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, o anúncio foi feito na manhã deste sábado (25) pela empresa americana. A justificativa foi que a fabricante brasileira não teria cumprido as obrigações contratuais para executar a separação da sua linha de aviões regionais.
As dificuldades financeiras da Boeing em razão de uma crise interna, no entanto, seriam os fatores centrais para o desfecho. A empresa paralisou a produção do modelo 737 MAX por problemas técnicos que geraram acidentes fatais, além de ter apresentado queda de demanda com a pandemia do novo coronavírus _ crise que também desvalorizou a Embraer, levantando dúvidas sobre o preço a ser pago pela fatia da companhia brasileira.
As empresas deram versões distintas para não terem concretizado o acordo, que tinha de ser fechado até a meia-noite desta sexta-feira (24). A Boeing disse que "trabalhou diligentemente nos últimos dois anos para concluir a transação com a Embraer", e que há meses vinham negociando as condições de contrato, que não foram atendidas. Já executivos da Embraer, que ainda não se manifestou oficialmente, teriam dito que os detalhes seriam mínimos, e que a Boeing não renegociou o prazo porque decidiu que a compra não seria viável agora.
Em janeiro, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tinha aprovado sem restrições o acordo entre a brasileira Embraer e a americana Boeing.