SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Embraer apresentou nesta segunda-feira (6) uma proposta de redução de jornada salarial de 25% de seus funcionários das áreas de engenharia e de linhas de produção de suas fábricas, segundo pessoas familiarizadas com as negociações. Também haverá a suspensão de parte dos contratos de trabalho por 60 dias.
As medidas têm o objetivo de reduzir os custos da empresa em meio à pandemia do novo coronavírus, e são previstas pela MP (Medida Provisória) 935, editada pelo governo federal no dia 1º de abril.
A companhia já iniciou a divulgação das propostas a funcionários por meio de mensagens de Whatsapp, segundo Weller Gonçalves, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos.
No caso dos engenheiros, a suspensão de contratos chegariam a atingir até 60% de algumas áreas da empresa, de acordo com funcionários da empresa ouvidos pela reportagem.
A proposta da Embraer prevê que a maioria dos funcionários que não terá contrato suspenso passe a trabalhar em regime de home office, com redução de 25% de jornada e de salários por três meses. A oferta depende de aprovação dos trabalhadores em assembleia virtual sindicatos da categoria.
"O ideal é que não haja trabalhadores na fábrica, e pedimos isso [por causa da pandemia do novo coronavírus]. Mas a empresa disse que neste primeiro momento precisa garantir peças de reposição principalmente para aviões do governo e para a fabricação de respiradores", disse Hebert Claros, do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos em vídeo aos trabalhadores.
Os empregados que desempenham atividades que exigem o trabalho exclusivo nas dependências da empresa não terão redução de jornada e salário, segundo a proposta à qual a reportagem teve acesso. A companhia também proibirá a realização de horas extras.
"Na nossa visão, a empresa deveria garantir no mínimo 100% do salário líquido para todos. As multinacionais têm total condição de garantir o pagamento dos funcionários", afirmou Weller Gonçalves no vídeo.
Procurada, a Embraer não se manifestou até a publicação desta reportagem.
A pandemia de coronavírus impactou negativamente nos negócios da empresa, e pode colocar em xeque o a compra da divisão de aviação comercial da Embraer pela Boeing, maior negócio da área aeroespacial da história do Brasil, conforme reportagem da Folha de S.Paulo.