Mesmo com a Selic no menor nível da história, as linhas de crédito oferecidas a consumidores e empresas seguem em patamar considerado elevado por analistas. Desde outubro de 2016, quando houve o primeiro corte nos últimos anos, a taxa básica de juro acumulou redução de 57,2%, chegando nesta quarta-feira (31) a 6% ao ano. Enquanto isso, as linhas oferecidas a pessoas físicas e jurídicas também caíram, mas em ritmo menor.
De outubro de 2016 a junho deste ano (último dado disponível), as taxas médias para empresas baixaram 35,04%, para 49,19% ao ano, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). No mesmo período, as linhas para pessoas físicas tiveram queda de 25,07%, para 118% ao ano.
Conforme analistas, a diferença na amplitude dos cortes decorre de uma conjunção de fatores. Segundo a Anefac, a Selic representa cerca de 20% do custo dos empréstimos ao consumidor final praticados no país. Concentração bancária, risco de inadimplência e margem de lucro das instituições financeiras também pesam na composição das linhas de crédito.
— Existem algumas anomalias no mercado. Apesar disso, algumas linhas como as de financiamento automotivo e imobiliário vêm baixando mais do que modalidades como cartão de crédito e cheque especial. O trabalho para reduzir o juro no país é longo — comenta o economista Silvio Campos Neto, sócio da consultoria Tendências.
Para o analista, uma das opções que podem incentivar o corte nas linhas de crédito é o crescimento de startups do setor financeiro, as fintechs.
— Não tem uma bala de prata. A inovação das fintechs está ampliando a concorrência. A redução nas taxas não é algo que acontece do dia para a noite — sublinha o economista.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já prometeu que atuará "fortemente" para reduzir o spread bancário — o termo corresponde à diferença entre o que as instituições financeiras pagam e o que cobram pelos recursos de seus clientes.