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Embora esperado, o corte de 0,5 ponto percentual (pp) no juro básico, anunciado nesta quarta-feira (31) pelo Banco Central representa uma agradável surpresa. Não poucos economistas temiam que um suposto conservadorismo de seu atual presidente, Roberto Campos Neto, restringisse a poda a discretos 0,25 pp. Ao decidir por uma redução mais pronunciada, a direção do BC mostra preocupação em destravar a economia, diante da ameaça de volta à recessão técnica, com inflação controlada.
No comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom, constituído por toda a diretoria do BC) dá sinais de, de fato, está iniciando um ciclo de queda na taxa: "O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo".
Responsável pela implantação do regime de metas de inflação, que norteia as decisões do BC, Sergio Werlang vinha defendendo corte no juro desde fevereiro. Conforme o economista, não havia sentido em manter uma taxa que deveria ser "estimulativa" diante dos resultados de índices de preços muito abaixo da meta.
– A taxa claramente não era estimulativa, apesar de o BC insistir nessa palavra nos comunicados. A atividade econômica estava desacelerando, com expectativa de inflação contida. Não conseguia entender por que o BC não diminuía a taxa. Não havia razão para não fazê-lo. O canal pelo qual o juro afeta a inflação é fazendo com que a atividade econômica desacelere. Como não havia pressão inflacionária, não havia razão para não cortar – insistiu Werlang em conversa com a coluna.
Agora, o economista espera mais ao menos um corte de 0,5 ponto percentual, seguido de outro de mesmo tamanho ou dois de 0,25 pp.