É claro que quem engata um relacionamento amoroso deseja que seja saudável. Ou seja, que tenha companheirismo, parceria e venha para somar. Porém, a vida a dois não é uma tarefa fácil, já que manter o vínculo exige manutenção de acordos e revisão constante do que faz bem para cada um. Assim, às vezes, torna-se difícil reconhecer se as atitudes estão alinhadas com os propósitos das partes e se a relação está realmente sendo positiva para a vida de ambos.
Embora muitas pessoas acreditem que o equilíbrio esteja em uma relação sem discussões ou divergências, a psicóloga Michele Terres, professora da Universidade Feevale, afirma que não é bem assim. Discordar é normal e faz parte dos relacionamentos, defende.
— Em todos os relacionamentos existem conflitos, e o casal deve reconhecê-los e conseguir lidar. Os que não o fazem tendem a entrar em uma fase mais disfuncional — aponta.
A união deve contribuir para o crescimento dos indivíduos de alguma forma, frisa a profissional. Além disso, confira mais sinais de que o relacionamento é saudável:
Cinco perguntas para saber se o relacionamento é saudável
Há diálogo?
Para Michele, um dos principais pilares das relações é o diálogo. É a melhor estratégia para resolver desentendimentos e serve também para compreender o outro.
— O casal deve ter uma comunicação fluida e fazer trocas. Quando o outro colocar o seu ponto de vista, é preciso escutar. Se um dos membros (do casal) tem dificuldade de estabelecer diálogo, tudo começa a ficar truncado — afirma.
Vocês definem acordos?
O que é correto para uma pessoa pode não ser o ideal para a outra. Por isso, a psicóloga frisa a importância de partir do pressuposto de que o óbvio também precisa ser dito.
— É importante eu poder dizer se prefiro que o relacionamento seja monogâmico, não monogâmico, além de falar o que espero do comportamento um do outro. Entender o que é prioridade para mim e para o outro — reitera.
O ideal, acrescenta Michele, seria uma definição de termos do que cada um espera dentro do relacionamento. Mesmo que ao longo do tempo os acordos sejam refeitos, é importante que essas mudanças sejam claras para os pares.
A individualidade é respeitada?
É necessário avaliar se há respeito à individualidade de cada um. Ambos devem entender suas próprias necessidades.
— Essa flexibilidade, necessária para que o casal faça ajustes, parte, de novo, do diálogo, dos acordos. Sempre respeitando a individualidade.
Vocês confiam um no outro?
Quanto mais a relação amadurece, mais vai sendo estabelecida a confiança, que é um dos pilares essenciais para a construção de um relacionamento saudável. Se os acordos estão claros, a confiança acontece mais facilmente, pontua a especialista.
— Às vezes, para mim, curtir a foto de outra pessoa na rede social é uma espécie de traição e, para o outro, não. Então, eu posso dizer que a pessoa está traindo a minha confiança. Porém, se isso não foi acordado antes, não tem como considerar quebra de confiança — exemplifica Michele.
Sabem com cada um demonstra afeto?
O casal deve entender como cada um expressa afeto e como gosta mais de recebê-lo. Por exemplo, há quem aprecie mais o toque físico e ouvir declarações, enquanto outros preferem presentear, ser levado para jantar.
— Se você gosta muito de falar para demonstrar afeto, de vez em quando, para agradar a parceria, talvez tenha que fazer outro ato para a pessoa saber que você gosta. Quando eu vou presentear o outro com o meu afeto, eu preciso presentear o outro da maneira como ele gosta de ser presenteado — diz a psicóloga.
Gabaritou?
Se todos os sinais pareceram familiares, você provavelmente está em um relacionamento saudável. A psicóloga Michele Terres reitera, ainda, que nem sempre é possível identificá-los no início da relação. Mas alguns podem servir como alerta:
— Nos primeiros encontros, cada um está tentando mostrar sua melhor versão. Se, já no começo, a gente começa a identificar que a pessoa não consegue dialogar, ou marca encontros e depois desmarca, a relação já inicia com quebra de confiança. Já são indícios de que o relacionamento provavelmente não vai ter essas características — pondera.
Para concluir, a especialista faz questão de afirmar que gostar da própria companhia é fundamental para entrar em uma relação. É necessário, antes de uma vida a dois, entender que ninguém precisa do outro para sentir-se completo.
— Que a gente possa se reconhecer como um ser inteiro, merecedor de afeto, para que isso apareça depois quando a gente for se relacionar intimamente com o parceiro ou parceira — aconselha.
*Produção: Jovana Dullius