Tanto uma transa mais demorada quanto uma rapidinha podem ser prazerosas se os envolvidos estiverem conectados, consentindo e entregando-se inteiramente ao momento íntimo. É por esse motivo que a sexóloga e psicóloga Enylda Motta, especialista em Sexualidade Humana pela Faculdade de Medicina da USP, defende que não existe um "tempo ideal" para a relação sexual. É um conceito que varia de pessoa para pessoa.
— Não há um tempo ideal para uma relação. O importante é que o indivíduo queira e deseje muito esse momento. Cada entrega pode fazer a diferença na vida da pessoa, então seja uma rapidinha ou algo mais lento, deve ser feito com muito prazer — afirma Enylda.
Muito e pouco
Embora a profissional defenda que não existe tempo ideal para sexo, por outro lado explica que há, sim, uma noção de "muito" e "pouco".
Muito tempo seria quando a relação sexual passa dos limites de qualquer um dos participantes, se prolonga tanto que acaba trazendo incômodo e dor. É preciso ter abertura e diálogo para comunicar quando está na hora de parar.
Já pouco tempo, explica a especialista, seria nos casos em que se chega ao orgasmo rápido demais, sem dar tempo para desfrutar verdadeiramente do momento. Um problema de saúde que afeta os homens e que pode abreviar ainda mais as relações é a ejaculação precoce, mas há tratamento.
Elas demoram mais para chegar lá?
Entre as mulheres, uma queixa recorrente nos consultórios de ginecologistas é a dificuldade para chegar lá, especialmente no sexo com penetração. Mas a dificuldade em atingir o orgasmo, defende a sexóloga, está muito mais relacionada ao fato da pessoa não se autorizar a sentir prazer e não conhecer bem o próprio corpo e suas regiões erógenas do que ligada ao tempo de duração da transa:
— É essencial fantasiar, se tocar, se conhecer. Cada um é responsável pelo seu prazer, por isso, se tocar é um grande diferencial. Além disso, para uma transa satisfatória, é importante falar com a parceria sobre o que gosta ou não. Se algo estiver incomodando, está tudo bem pedir para parar.
Questionada se as mulheres, em geral, precisam de mais tempo do que os homens para chegar ao orgasmo, a sexóloga reitera que não há como precisar. Depende muito de cada um, de seu autoconhecimento e de sua entrega ao momento de intimidade.
— Aquela história de que "a mulher é fogão a lenha e o homem é a gás" é mito. Para chegar ao orgasmo, quanto mais estímulos, diálogo com o outro e autoconhecimento corporal tiver, melhor. O desejo, a excitação e o empoderamento feminino na cama fazem grande diferença — conclui Enylda.