O que algumas pessoas entendem como simples interação pode ser, para outras, sinônimo de infidelidade. Essa discussão ganhou força nas redes sociais recentemente, em razão de polêmicas envolvendo diferentes famosos, acusados de traição após reagirem a posts de outras pessoas nos stories do Instagram.
O jogador de futebol Neymar é um deles. Em junho, pouco tempo depois de pedir desculpas publicamente à namorada, Bruna Biancardi, por um suposto affair com uma influenciadora, ele viu seu nome voltar à tona. Isso porque a modelo internacional Celeste Bright expôs um print mostrando que o atleta havia reagido a uma foto sua nos stories usando um emoji de aplausos.
Além dele, o ator Rafael Cardoso também foi alvo de críticas por interações com mulheres. A influenciadora Taynara Nunes foi quem, no fim de junho, compartilhou reações do artista a postagens suas – incuindo um ponto final em resposta a uma foto – que teriam ocorrido enquanto ele ainda estava casado com a atriz Mariana Bridi.
Na internet, os argumentos partem de duas direções: de um lado, há os que consideram que houve quebra de confiança entre os famosos e suas parceiras. De outro, os que pensam o contrário.
Por meio de enquete no Instagram, GZH convidou seus seguidores a opinarem sobre o assunto. O resultado mostra que não há unanimidade: 48% responderam que reações a stories são, sim, traição; enquanto 52% disseram que não.
Dinâmicas de casal
A psicóloga especialista em terapia de casal e de família Lina Wainberg pondera que, nesses casos, a reação deve ser avaliada a partir de quem envia, de acordo com o contexto:
— A gente tem que poder pensar sobre qual tipo de personalidade está emitindo esse tipo de reação, qual é o contexto, quais os acordos que o casal fez sobre o que é aceitável e o que não é dentro de uma relação.
No caso de Neymar, ela entende que o histórico e a fama podem ter justificado a repercussão da história nas redes sociais.
— Acho que o fato de a namorada dele estar grávida sensibilizou ainda mais a população. Ele provavelmente foi muito julgado pela fama. E o padrão de comportamento anterior já não era bom, porque, provavelmente, o perfil de personalidade dele indicava que as reações já tinham um algo a mais sendo comunicado do que apenas interações isoladas — considera.
A psicóloga explica que, no caso de parceiros que vivem um relacionamento aberto, é normal que exista um flerte nas redes sociais, mas que isso deve fazer parte de um combinado entre os dois. Já em relações monogâmicas, por exemplo, a abertura para uma aproximação, destaca ela, pode ser encarada como infidelidade. Vale sempre considerar o que foi estabelecido como regra.
Lina diz ainda que esse assunto passa a se tornar pauta quando envolve questões como inseguranças de alguma das partes. Para ela, nesses casos, tudo depende da forma como cada pessoa sente.
— Quando há sofrimento e desconforto, isso é considerado uma traição. Não é nem de fidelidade, mas de cumplicidade, de quebra de contrato, de quebra de acordo — reflete.
A psicóloga ressalta que, se houver desconforto por alguma situação, é importante conversar e, se necessário, repensar as atitudes online.
— Nesse tipo de interação nas redes sociais, o casal tem que avaliar o que é a prioridade. Se é manter a sua individualidade ou preservar o bem-estar da pessoa da qual a gente gosta. "Vai me cair pedaço não botar foguinho? Não, não vai". A questão é essa — provoca a profissional.
A discussão na web é também realidade na vida de casais que procuram Lina em busca de soluções para dilemas e desentendimentos desse tipo:
— Isso tem sido uma frequente causa de brigas conjugais. Hoje em dia, as redes sociais estão participando da transformação de como as pessoas se comunicam. Então ainda têm muitos padrões de comunicação que estão sendo estabelecidos e que não existem regras claras.
Para ela, tudo deve sempre ser negociado: o que é aceitável, o que não é, como lidar em cada situação. O alerta, entretanto, é para os casos em que a cobrança deixa de ser esporádica.
— Se há um exagero, ocorre com frequência, e isso tem se tornado algo obsessivo, eu diria que o casal deve procurar ajuda emocional. Uma coisa é uma situação que me incomodou, eu comentei e a pessoa diminuiu. Outra coisa é todos os dias. Se o casal não está conseguindo por conta própria ter discernimento do que é patológico, minha sugestão é procurar ajuda — finaliza.
* Produção: Jovana Dullius