Não é incomum que as mulheres, depois de praticarem exercícios físicos de intensidade, notem maior secreção vaginal na calcinha. Também chamada de "corrimento", essa secreção em maior volume pode preocupar. Mas, afinal, é normal?
Para falar sobre o tema, a ginecologista Maria Celeste Wender começa explicando que todas as mulheres têm secreção vaginal, desde o momento em que começam a produzir hormônios femininos na adolescência até a menopausa.
Conforme a médica, é comum que as elas notem um aumento do volume da secreção no momento do exercício físico, principalmente em corridas e atividades intensas, embora isso não signifique que há uma produção aumentada no corpo. A explicação é que, no momento dos treinos, pode ocorrer uma exteriorização de uma quantidade maior de secreção do que ao longo do dia.
— A (secreção) original seria eliminada aos pouquinhos ao longo de um dia todo. Se eu corri, fiz pressão para baixo, é provável que tenha um volume um pouco maior do que teria se eu tivesse ficado deitada — explica Maria Celeste.
Esse aumento do volume pode ser notado após exercícios como musculação, pilates, dança e outros treinos com intensidade. De acordo com a ginecologista, pode acontecer em qualquer exercício físico que a mulher desempenhe em pé.
Além disso, a atividade física por si só produz calor, o que pode resultar em suor na roupa íntima.
— O volume pode ser considerado maior em função de se somar um pouco da secreção vaginal fisiológica com sudorese. Essas duas coisas juntas podem trazer a percepção que a mulher tem do aumento do volume quando treinou — esclarece.
A calcinha certa
A escolha da roupa íntima é essencial na hora de treinar. A ginecologista afirma que, mesmo que os tecidos sintéticos sejam mais comumente escolhidos, os de algodão devem ser priorizados. Quanto mais algodão no tecido, melhor, resume.
— É difícil ser 100% algodão, mas que seja 90%, 95% de algodão. A ideia é tentar priorizar, especialmente nesses momentos que vai ter mais suor, vai fazer exercícios, o uso de calcinhas mais arejadas. Até nas roupas de ginástica, se possível, que possa ser também de tecidos mais naturais — indica.
Embora muitas pessoas acreditem que não é indicado ficar com a roupa íntima por muito tempo após os treinamentos, a ginecologista esclarece que não há uma determinação sobre o assunto. Como a secreção é fisiológica, não há nenhum tipo de anormalidade e não existe essa orientação de trocar a roupa, aumentar a higiene ou fazer alguma coisa diferente.
— É só pelo conforto. Se ela sente que a calcinha está mais úmida e prefere trocar, tudo certo. Mas, se ela não trocar, não vai causar problema algum — complementa.
Água e sabão natural
Na hora da higiene íntima, a dica é investir em produtos naturais. A ginecologista não orienta o uso de produtos específicos para a região. Conforme Maria Celeste, a melhor opção é o uso de água com sabão natural.
— De preferência, sem muito perfume, porque tudo o que é muito perfumado tem o acréscimo de alguma substância química, que dá aquele cheirinho.
Como saber se a secreção está anormal
Embora a secreção vaginal seja fisiológica, em alguns casos ela deve ser investigada. Dependendo da coloração e do odor, ou se associada à coceira ou ardência, deve ser avaliada por um especialista. A ginecologista esclarece como é a aparência considerada saudável:
— Quando a secreção sai na calcinha ou no protetor diário, pode adquirir uma coloração mais amarelada, pode criar até uma casquinha, pode ressecar um pouquinho. É natural pelo próprio tempo e pelo tecido em que fica alojada — afirma.
De qualquer forma, a própria mulher costuma saber e reconhecer a secreção vaginal que teve a vida inteira.
— Quando mudar, seja em volume, em coloração, em odor, ou se associar com uma coceira ou com uma ardência, deve chamar atenção — alerta.
*Produção: Jovana Dullius