Não gosto de declarar guerra a nenhum tipo de alimento. Minha conduta é baseada em consumir o que se gosta e aprender a comer com moderação. Acredito que o adequado é encarar a alimentação com bom senso e equilíbrio. Além disso, ter o que comer é um privilégio, portanto não devemos associar aspectos negativos ao ato.
Nenhum alimento sozinho tem o poder de engordar ou emagrecer, ou ainda gerar um dano irreversível se você é uma pessoa sem complicações de saúde. No meu ponto de vista, essa batalha que se trava contra alimentos específicos tem como base informações falaciosas, modas cíclicas e um modo de consumo alimentar desequilibrado. Associa-se a isso, o marketing agressivo e oportunista da indústria de alimentos e pronto: está lançado o terrorismo nutricional.
Hoje vou falar de dois alimentos que despertam curiosidade: o pão e a tapioca. Aviso que não existe isso de um alimento ser melhor do que o outro. Vai depender de quem vai consumir esse alimento e quais os objetivos dessa pessoa, pois cada um tem características específicas que devem ser avaliadas de acordo com as necessidades individuais.
A tapioca é um alimento tipicamente nordestino, não tem nada de novidade para eles por lá. Ganhou fama Brasil afora há alguns anos, quando acontecia uma grande perseguição ao glúten, o que fez muitas pessoas deixarem de lado o pão e começarem a consumir a tapioca.
Então, vamos aos fatos nutricionais de cada um:
Carboidrato
Ambos são fontes de carboidrato, ou seja, fornecem mais esse nutriente do que proteínas ou gorduras. A tapioca tem mais carboidrato que o pão francês ou integral (mais de 20g a mais), e isso dá mais de 100 calorias extras, quando comparamos 100g de cada um. Portanto, a tapioca é mais calórica.
Proteínas e gorduras
A tapioca também tem menos proteínas e menos gorduras do que o pão francês e o integral, e menos fibras do que o integral, ou seja, ela gera menos saciedade. Se pensamos em dietas para emagrecimento, por exemplo, essa é uma grande desvantagem.
Glúten
A tapioca não contém glúten, e isso faz dela uma ótima opção de café da manhã e lanches para quem tem doença celíaca, condição de quem é intolerante ao glúten. Nesses casos, é interessante agregar sementes de chia ou linhaça à massa para aumentar o teor de fibras e gorduras, para melhorar a qualidade nutricional da preparação.
Índice glicêmico
Se formos considerar o efeito hormonal no metabolismo em resposta ao consumo desses alimentos, a tapioca tem o índice glicêmico mais alto do que o pão integral, ou seja, os carboidratos contidos nela são metabolizados mais rapidamente, gerando um pico maior de insulina. Associando essa condição ao baixo teor de fibras, pacientes obesos, com síndrome metabólica ou diabéticos devem dar preferência ao pão integral, por ser uma escolha mais coerente.
Mitos e verdades
A tapioca não é vilã, assim como o pão também não é vilão. Com moderação e bom senso, todos os alimentos podem e devem ser consumidos, pois uma alimentação saudável é variada e equilibrada.
E nunca se esqueça de que somos únicos e a nutrição deve sempre ser pensada individualmente, pois nem sempre o que funciona para você vai funcionar para a outra pessoa.
Raquel Lupion é formada em Nutrição e Educação Física, tem especialização em Nutrição Clínica e Mestrado em Ciências do Movimento Humano. Sua motivação é promover um estilo de vida saudável, fugindo de radicalismos e tentando encontrar o caminho do meio entre o que é necessário e o que é prazeroso. Na vida profissional, divide seu tempo entre atender em consultório, dar aulas de yoga, palestrar e ministrar cursos. Escreve semanalmente em revistadonna.com.