As pessoas que se preocupam em comer de forma saudável acabam sempre tendo a mesma dificuldade: como escolher um produto saudável?
Para saber como escolher as melhores opções do mercado, temos que saber o básico sobre as informações dos rótulos. Vale lembrar que as melhores opções para colocar na dieta são os alimentos in natura, pois opções saudáveis não precisam de rótulos, e são eles: as partes comestíveis de plantas (legumes, frutas, vegetais) cogumelos e algas. São alimentos altamente nutritivos e de baixo custo, e a escolha desse tipo de alimento será sempre acertada.
Os produtos que vêm em pacotinho passaram por várias técnicas e processamentos industriais, e acabam, por vezes, tendo um perfil nutricional danoso à saúde, com muito sódio, açúcar, gordura e aditivos químicos. Por serem hiperpalatáveis, ou seja, muito agradáveis ao paladar da maioria da população, eles interferem nos processos que sinalizam o apetite e a saciedade e provocam o consumo excessivo de calorias, sal, açúcar, gordura, além de serem pobres em nutrientes importantes, como as vitaminas, minerais, água e fibras.
Infelizmente, é uma prática muito comum da indústria de alimentos fazer rótulos enganosos, aproveitando brechas na legislação. E isso contribui para as pessoas ficarem confusas sobre o que escolher. Antes de querer saber as calorias, prestem atenção na qualidade da lista de ingredientes.
A principal dica aqui é: se você não entender o que é algum dos ingredientes listados, não compre! Devemos prestar atenção especial nos termos utilizados na rotulagem, porque eles tentam nos enganar. Tá cheio de produto que se diz "sem açúcar", mas na lista de ingredientes ele tá lá mascarado de mel, açúcar invertido, xarope de glicose, xarope de milho, glicose, frutose, maltodextrina, e que no metabolismo gera o mesmo efeito.
Tem outros que alegam ser "integrais", mas que na verdade não são. Um alimento é integral de verdade quando o primeiríssimo ingrediente listado é integral. Outra enganação é quando vem escrito "livre de gordura trans", e lá atrás está escrito gordura vegetal hidrogenada – que é outro nome da gordura trans. Pela legislação, um produto pode ter até 0,2g de gordura trans na porção e não precisa dizer no rótulo, mas se tá na lista de ingredientes, é porque tem na composição sim. Por isso, saber como ler qualitativamente os rótulos dos produtos vai evitar a cilada de comprar um produto que se vende como saudável e que na verdade não é. A lista apresenta de forma decrescente as quantidades de ingredientes, os primeiros estão em maior quantidade, enquanto os últimos estão em menor quantidade.
Depois de analisar os ingredientes, dê uma olhada nas informações nutricionais. Para saber quanto de cada ingrediente é adequado para você, consulte um nutricionista. Mas a minha dica é evitar aqueles que tenham muito sódio, gordura trans e açúcares adicionados na porção. Prefira os produtos que tenham um bom equilíbrio nas quantidades de proteínas, carboidratos e gorduras. Olhe atentamente a porção do rótulo: às vezes, refere-se a todo o conteúdo do pacote, às vezes é apenas três de 20 unidades. Esqueça essa história de escolher pelas calorias.
Quanto menor a lista de ingredientes, melhor. Quanto menos aditivos alimentares, melhor. Algumas ideias de boas opções podem ser: barra de frutas, barra de castanhas e sementes (veja que não citei barra de cereais, a vasta maioria não é nada saudável), oleaginosas variadas (castanhas, amêndoas, pistache, etc), chips de legumes e frutas secas.
E não esqueça: quanto mais você for o produtor da sua própria comida, mais saudável será sua alimentação. Entretanto, se você não gosta de cozinhar, ou não tem tempo, existem opções bem adequadas nos supermercados, basta tirar um tempinho para ler os rótulos e botar em prática todos os ensinamentos desse texto.
Raquel Lupion é formada em Nutrição e Educação Física, tem especialização em Nutrição Clínica e Mestrado em Ciências do Movimento Humano. Sua motivação é promover um estilo de vida saudável, fugindo de radicalismos e tentando encontrar o caminho do meio entre o que é necessário e o que é prazeroso. Na vida profissional, divide seu tempo entre atender em consultório, dar aulas de yoga, palestrar e ministrar cursos. Escreve semanalmente em revistadonna.com.