Os dias a mais em casa - principalmente agora, no frio - parecem ser um convite a uma taça de vinho, não é? Também pela ansiedade do momento, muita gente anda transformando o distanciamento social em desculpa para aumentar o consumo de bebidas alcoólicas.
Acontece que, assim como tudo que ingerimos, o nosso organismo sente a mudança. E, em especial, a nossa pele. Conversamos com as dermatologistas Vanessa Perusso e Márcia Donadussi e listamos cinco possíveis consequências do aumento de álcool para a pele. Confira:
1. Pode causar desidratação
Já acordou depois de uma noite regada a bebida com dores de cabeça, cansaço e sede? Esses são os efeitos da famosa ressaca, causada pela falta de água no corpo. O álcool, por ser metabolizado no fígado, tem um papel diurético no organismo, e isso leva a uma desidratação do corpo - o que acaba repercutindo na pele.
— Se for um hábito frequente, a pele pode ficar bem ressecada — afirma Vanessa.
A médica indica que, ao tomar uma taça de vinho, por exemplo, você tome água na mesma proporção, o que ajuda a evitar a desidratação.
2. Diminui o colágeno
Algumas bebidas alcoólicas, como o vinho, têm bastante açúcar, que é um dos principais responsáveis por diminuir a produção de colágeno e elastina no organismo, além de reduzir a capacidade de oxigenação da pele, apontam as médicas.
Ainda por causa do fator diurético do álcool, além da água, acabamos também perdendo eletrólitos importantes, como magnésio e potássio, na urina.
— Esses eletrólitos são extremamente importantes para a nossa pele porque fazem parte de reações para se produzir mais colágeno. Isso acaba afetando a qualidade da pele como um todo — aponta Vanessa.
3. Aumenta a oleosidade
O consumo mais acentuado do álcool pode levar a um aumento da oleosidade na pele, afirma Márcia.
Pessoas que já tenham tendência acabam desenvolvendo a dermatite seborreica, uma descamação que ocorre no couro cabeludo, na sobrancelha e ao redor do nariz. A condição é bastante comum no inverno, já que também pode ser desencadeada pela água quente.
4. Afeta a renovação celular
Apesar de, ao beber, as pessoas no geral dormirem mais rapidamente, a qualidade deste sono costuma ser pior. O álcool diminui a duração do chamado REM, que é o sono mais profundo.
Com isso, o organismo não produz o hormônio do crescimento, extremamente útil para renovar as células e ajudar no processo das enzimas que vão aumentar a quantidade de colágeno e elastina no organismo, aponta Vanessa.
5. Pode piorar quadros já existentes
O álcool afeta o microbioma do intestino, que é nada mais é do que o acúmulo de bactérias benéficas para o funcionamento do nosso organismo. Por causa disso, na pele, sentimos o impacto no sistema imunológico.
— O consumo aumentado de bebidas alcoólicas pode piorar doenças como eczemas, dermatites atópicas e alergias— aponta Vanessa.
Outra ação das bebidas alcoólicas é que elas são vasodilatadoras. Em função disso, algumas doenças, especialmente a rosácea, que apresenta pápulas vermelhas na região central no rosto em função dos vasinhos dilatados, tende a piorar. Por ter um caráter pró-inflamatório, o álcool também pode levar a uma exacerbação de quadro de psoríase, uma doença autoimune que provoca manchas escamosas e avermelhadas na pele.