A influenciadora digital Maya Massafera chamou atenção nas redes sociais ao anunciar que passaria por um procedimento estético para tratar o "umbigo triste", provocado pelo grande volume de peso que perdeu nos últimos meses. A expressão tem sido popularmente utilizada para descrever o umbigo com as laterais curvadas para baixo.
— O umbigo triste é um excesso de pele que podemos ter na região abdominal, que acaba cobrindo o umbigo. Ao invés daquele formato redondo ou oval, ele fica com um aspecto de um sorriso invertido, de meia-lua — explica a cirurgiã plástica Mariana Cioffi, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Bastante comum, a característica é motivo de incômodo para muitas mulheres.
O que pode causar essa condição?
O próprio envelhecimento natural da pele pode favorecer essa condição. Isso porque, ao longo dos anos, o corpo diminui consideravelmente a produção de colágeno, proteína responsável pela firmeza e sustentação da derme.
No entanto, fenômenos que levam a uma distensão abdominal tendem a intensificar essa característica. Entre os principais, episódios de variação de peso, principalmente quando são consideráveis.
— Conforme vamos envelhecendo, vamos perdendo colágeno, a pele vai ficando mais flácida e ocorre também a ação da gravidade. Mas, há circunstâncias que podem aumentar essa possibilidade: gestação, ganho e perda de peso, pacientes que fizeram cirurgia bariátrica, às vezes até quem teve hérnia na região do umbigo pode ficar com esse aspecto — cita a cirurgiã.
No caso da gestação, por exemplo, a barriga estica e, ao retornar ao padrão anterior, a mulher pode observar uma perda de elasticidade e um excesso de pele na região do umbigo. O mesmo pode ocorrer em processos significativos de emagrecimento.
Outro fator é quando há um acúmulo de gordura localizada acima do umbigo, que pode se sobrepor.
Soluções não cirúrgicas
Quando o "umbigo triste" interfere na autoestima, existem estratégias que podem ser utilizadas para reverter esse quadro.
A prática de exercícios físicos e uma alimentação saudável ajudam na construção do tônus muscular e no fortalecimento da região, diminuindo o aspecto da flacidez. Contudo, a depender do grau e da idade da mulher, às vezes, não é o suficiente, sendo necessária a realização de procedimentos estéticos em consultório médico — com dermatologista ou cirurgião plástico.
Segundo a dermatologista Roberta Zaffari Townsend, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD), o foco das tecnologias disponíveis no mercado é estimular o corpo a produzir colágeno.
— Mesmo que a pessoa treine e tenha uma dieta rica em proteínas, a pele sofre com o processo de envelhecimento e começa a ficar flácida pela perda de colágeno, que inicia aos 25 anos. Precisamos estruturar ela novamente, transformar a pele fina em uma pele grossa e firme — declara.
Atualmente, é possível contar com o auxílio de substâncias injetáveis, como bioestimuladores de colágeno.
— Eles entram no tecido e geram uma reação inflamatória, que estimula o fibroblasto, célula que produz colágeno. Quando temos esse estímulo com uma técnica adequada, a barriga fica mais dura e há uma elevação — descreve a dermatologista.
Recursos como radiofrequência e ultrassom microfocado também são alternativas. Esses métodos trabalham com o uso do calor na região abdominal para favorecer a produção da proteína.
Roberta destaca ainda que, tais procedimentos, geralmente necessitam de mais de uma sessão para surtir efeitos. O tempo para que os resultados apareçam pode variar conforme a idade da mulher, já que a resposta ao estímulo será diferente em uma pessoa de 30 anos em comparação a uma de 60. Nesse sentido, é fundamental ter um alinhamento de expectativas entre médico e paciente.
Soluções cirúrgicas
A médica Mariana Cioffi cita ainda as cirurgias plásticas existentes para reversão do quadro. Diante de uma flacidez isolada, localizada acima do umbigo, é possível realizar uma intervenção chamada de onfaloplastia, que é específica para a região.
Já em casos mais significativos, a abdominoplastia pode entrar em cena. O procedimento consiste em uma reconstrução da região do abdômen, em que o cirurgião retira o excesso de gordura, remove o excesso de pele e reposiciona o umbigo.
A especialista destaca que cada organismo é único e, portanto, é necessária uma avaliação adequada para identificar o melhor tratamento.
Como evitar
Algumas das situações que provocam a flacidez do "umbigo triste" não podem ser evitadas, como o envelhecimento. Exercícios físicos, boa alimentação e hidratação podem amenizar o efeito, garantindo a saúde do corpo e da pele. Essa rotina, além de desacelerar o surgimento de características comuns do avanço da idade, irá dificultar oscilações de peso e prevenir o acúmulo de gordura localizada.
— O colágeno também vem de uma dieta rica em proteínas. O exercício físico, a malhação, a manutenção de uma vida saudável são essenciais — diz Roberta Zaffari Townsend.
Jessiele Vasconcelos, profissional de Educação Física, com foco em treinamento de mulheres, destaca a importância de manter uma rotina de exercícios físicos que fortaleçam os músculos abdominais. O ideal é iniciar a prática o quanto antes para o desenvolvimento do tônus muscular de todo o corpo e, claro, para evitar a flacidez, principalmente para quem deseja gestar.
— Além de se preparar para receber o bebê, irá se preparar para a volta do corpo. Quando você prepara seus músculos, o corpo consegue retornar com mais naturalidade, sem a necessidade de intervenções — afirma.
*Produção: Carolina Dill