Quando você bebe um vinho ou qualquer bebida quente, seu rosto costuma ficar avermelhado? Isso pode ser indício de rosácea, doença que se manifesta principalmente na região das bochechas.
A rosácea possui manifestações e estágios diferentes e pode evoluir de uma fase inicial para uma mais avançada - o que pode ser evitado se a paciente tiver um acompanhamento médico e fizer tratamento preventivo.
A rosácea é comum em mulheres adultas de pele clara que têm entre 20 e 40 anos. No entanto, isso não impede que surja em mulheres com pele mais escura, de outras idades, e em homens também. Para explicar melhor o assunto, conversamos com a médica dermatologista da seccional gaúcha da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Analupe Webber. Ela respondeu algumas das principais dúvidas. Confira:
Quais são os tipos e tratamentos?
Eritemato telangectasia: é a rosácea mais inicial e se caracteriza pela pele avermelhada e com vasos. O tratamento costuma ser procedimentos vasculares, como laser, luz pulsada e tratamentos tópicos, que impedem que os vasos dilatem.
Pápula pustulosa: é quando a paciente apresenta, além do avermelhamento, bolinhas que lembram espinhas. Lembra quando o goleiro da seleção brasileira, o Alisson, apresentou sintomas da doença? Era a desse tipo. O tratamento costuma ser antibióticos ou antiparasitários, tópicos ou via oral. Em alguns casos, pode ser usada a Isotretinoína via oral, que nada mais é do que o conhecido remédio anti-espinha Roacutan.
Rinofima: é o tipo de rosácea mais comum em homens. Ocorre quando o nariz do paciente fica com os poros abertos, e pode ficar mais grosso, além de apresentar bastante oleosidade. O tratamento pode ser laser, radiofrequência ou cirurgia, que ocorre para reduzir o volume do nariz quando os poros ficam muito abertos.
Ocular: é a que ocorre somente no olho, com lesões oculares. Se caracteriza por olho seco e inflamação na área da pálpebra. A recomendação é a procura por um oftalmologista para que ele avalie o grau da inflamação e determine o tratamento indicado.
Tem cura?
Não. A rosácea é uma doença benigna, porém crônica - terá épocas de melhoras e outras de pioras. Ela também não tem causa específica, apesar de ser uma doença muito frequente. Em geral, começa com uma pele mais sensível, mais seca, e começa a ficar levemente vermelha e com vasinhos.
Se você começar a perceber esses sintomas iniciais, é importante procurar um dermatologista, não deixar desenvolver para depois buscar ajuda médica. Como já foi dito antes, é possível frear a evolução da doença com acompanhamento profissional e tratamento preventivo.
Tem como prevenir?
Para quem tem a pele sensível, é bom evitar alguma situações que podem desencadear ou piorar a doença, como exposição solar, estresse, consumo de bebidas alcoólicas e de comidas apimentadas. Preste atenção também nos produtos utilizados no rosto, como sabonetes e cremes, pois alguns podem causar irritação.
"Usava maquiagem pra esconder"
Nuta Vasconcellos é palestrante, escritora e mentora com foco em autocuidado e autoconhecimento feminino. Criadora do programa Chá de Autoestima, um projeto que não só fala sobre amor próprio, mas procura apresentar ferramentas reais para a construção de uma relação mais saudável consigo mesma, a carioca Nuta conversou com Donna para contar sua trajetória com a doença e como melhorou sua autoestima depois que aceitou sua nova condição.
Até os 27 anos, Nuta tão teve problemas de pele. De repente, seu rosto começou a ficar ressecado e surgiram bolinhas vermelhas, que Nuta acreditava que fossem espinhas.
Por não entender o que estava acontecendo, começou a usar produtos para acne e oleosidade por conta própria – e que só irritaram ainda mais a pele.
A rosácea de Nuta era a do tipo pápula pustulosa e chegou a evoluir para rinofima, já que ela não tratou de maneira adequada no início. Foi quando ela passou a ser dependente da maquiagem. Era uma forma de tentar disfarçar e esconder os sintomas da doença que ela ainda nem sabia que tinha:
– Eu gosto muito de maquiagem, mas quando é pra diversão, pra fazer um efeito legal, um visual diferente para uma festa. Não da forma como eu estava me relacionando com maquiagem, que era tipo: eu preciso esconder o meu rosto porque ele está horrível e eu não sou apresentável dessa forma. Eu ia na esquina e passava base – lembra.
Antes de obter o diagnóstico correto e começar a tratar a doença, Nuta chegou a passar por por três dermatologistas. Quando, enfim, descobriu que tratava-se de rosácea, Nuta afirma que deu início a um processo de aceitação e entendimento de sua nova condição:
– Tudo na gente é mutável, nosso corpo é orgânico, ele está sempre em constante mutação. Isso faz parte de ser real. A gente muda, envelhece, enruga. Depende de tantos fatores. Entender isso com clareza fez com que eu tivesse uma relação mais positiva e mais carinhosa com a minha pele. Hoje, tenho prazer em procurar produtos que eu sei que vão fazer bem pra ela, que vão acalmar a rosácea, que vão dar a ela um glow mais bonito.
Entender que as coisas mudam e aceitar essa minha nova pele ajudou muito no processo da rosácea, porque a doença é muito ligada ao nosso sistema nervoso
NUTA VASCONCELLOS
Com esse amadurecimento, Nua também mudou a relação que tinha com a maquiagem:
– Tento o máximo possível me ver sem maquiagem, sair sem maquiagem, pra criar a relação de que essa é minha pele, e está tudo bem, ela não precisa ser perfeita, porque nenhuma é. Essa mudança de diálogo comigo mesma, de entender que as coisas mudam e aceitar essa nova pele, ajudou muito no processo da rosácea, porque a doença é muito ligada ao nosso sistema nervoso. Quando você está envergonhada, por exemplo, ela se manifesta. Estar calma e em uma relação positiva com a sua pele, tenho certeza que ajuda muito nesse controle – disserta.