Sabe aquelas manchas castanhas, que surgem aparentemente do nada? Pode ser melasma, uma doença que, de acordo com a dermatologista Lia Knijnik, manifesta-se frequentemente no rosto, mas pode surgir também no colo, pescoço e nos braços.
As causas são multifatoriais: tem a influência genética, que envolve uma predisposição familiar, e a influência étnica, sendo mais comum em pessoas de descendência hispânica, asiática e africana, explica a dermatologista Claudia Fernandes Furtado. E tem também a questão hormonal, motivo pelo qual homens podem até sofrer com melasma, mas é muito mais comum em mulheres a partir dos 25 anos.
– Existe a incidência de fatores hormonais, como gravidez, pílulas anticoncepcionais e reposição hormonal na menopausa, pois os hormônios sexuais femininos, em especial o estrogênio, estimulam a produção de melanina. Além disso, existem doenças que causam disfunções hormonais, como doença dos ovários e da tireoide, que predispõem ao aparecimento do melasma – explica Claudia.
As dermatologistas lembram, no entanto, que, apesar dessas causas multifatoriais, o que favorece mais o aparecimento das manchas é a exposição solar.
– Por isso que, no verão, com o aumento da radiação solar e da exposição, a incidência é bem maior. E por isso, também, que o inverno é a melhor época para iniciar um tratamento contra as manchas. Como o tratamento pode sensibilizar a pele ao sol, esse é o período em que automaticamente ficamos menos expostas – afirma Lia.
Justamente por isso que um dos tratamentos para as manchas envolve o uso rigoroso de protetor solar.
– O tratamento do melasma tem que ser individualizado de acordo com a área e com a extensão e profundidade das lesões. Mas, basicamente, envolve a prevenção de uma piora do quadro, com filtros de ampla proteção que consigam proteger contra todos os tipos de radiação, como a ultravioleta A, B, luz visível – esclarece Lia.
A proteção contra os raios ultravioletas é, também, a maneira mais efetiva de prevenir o surgimento do melasma, garante a dermatologista Lia Knijnik:
– A rigor, o rosto nunca deveria ser exposto ao sol, uma vez que a pele da face é muito mais sensível e frágil. Pessoas que não desenvolveram melasma podem, geralmente, usar protetor com FPS 30, no mínimo duas vezes ao dia. Já para pessoas com melasma, o FPS deve ser 50, aplicado, pelo menos, três vezes ao dia.
No inverno, cuidado com fontes de calor
Em períodos de baixas temperaturas, Claudia lembra que quem tem melasma deve tentar evitar, além das fontes de radiação, ficar muito próxima às fontes de calor, como lareiras, fornos e estufas, além de evitar entrar no carro que ficou por muito tempo no sol ou ficar em frente ao vento quente do ar condicionado no inverno.
Para quem tem melasma, Lia explica que os tratamentos conseguem resolver bem a maioria dos casos:
– Mas é necessário investir na manutenção, pois quem tem tendência de manchar uma vez, terá sempre. Portanto, não é que não tenha cura, mas exige controle e manutenção.
Tratamento em casa e no consultório médico
O tratamento envolve duas frentes: os cuidados em casa e os procedimentos que podem ser feitos com um dermatologista em consultório e ajudam a suavizar a pigmentação nas áreas afetadas. Claudia explica que as prescrições para uso doméstico envolvem substâncias despigmentantes, tanto para uso diurno quanto noturno, como arbutin, ácido kójico e vitamina C, que agem em várias etapas da produção de melanina.
– Especificamente para uso noturno, os despigmentantes são associados aos ácidos, que lhes conferem uma ação clareadora mais potente. Os principais são a hidroquinona e o ácido retinóico. Tudo sempre acompanhado pelo uso do protetor solar durante o dia. Ao tratamento tópico também podem ser associadas medicações via oral, que auxiliam a diminuir a produção de melanina pelos melanócitos – diz.
Aliados a esses produtos estão os procedimentos feitos em consultório, que atuam na produção de melanina e ajudam a unificar o tom da pele. Entre eles estão o peeling químico, o microagulhamento, a microinfusão de medicamentos e indradermoterapeia e o uso de lasers. Esse último, de acordo com Lia, ainda é controverso:
– A maior parte dos lasers causa uma irritação na pele que pode acabar piorando as manchas, por isso é preciso ter cuidado e avaliar caso a caso com o dermatologista – alerta.