Quem utiliza maquiagem com frequência provavelmente já se deparou com a situação de aplicar uma base no rosto e, tempos depois, observar um escurecimento na cor. Há quem atribua o fenômeno a uma "oxidação" do produto.
Essa expressão ligada aos cosméticos ganhou ainda mais repercussão nas redes sociais recentemente, após o lançamento da nova base da influenciadora digital Karen Bachini. Alguns consumidores citam as variações bruscas nas tonalidades dos produtos e levantam a possibilidade de ter ocorrido esse tipo de reação.
A utilização do termo como algo negativo não é de hoje. Há tempos ele vem sendo utilizado por maquiadores e criadores de conteúdos de beleza. Mas, afinal, a base realmente oxida? O que isso significa? Por que ela escurece? Há como evitar?
O que é oxidação?
De forma geral, a oxidação é um processo químico que ocorre quando um material reage com o oxigênio, resultando em modificações nas suas propriedades. Esse fenômeno é bastante comum em metais, como o ferro, que pode formar a ferrugem.
Segundo Maísa Melo, farmacêutica, mestre e doutoranda em Tecnologia de Cosméticos pela Universidade de São Paulo (USP), a oxidação pode ocorrer, sim, mas isso depende de diversos fatores. Como resultado, é comum perceber mudanças na tonalidade, na textura, na consistência, no odor e também nas garantias de conservação.
Agentes de alterações
Na grande maioria das vezes, o principal agente de alterações das características de um cosmético é o mal armazenamento, quando o consumidor mantém o produto exposto ao calor, ao frio, à luz ou até mesmo à umidade. Sendo assim, é necessário seguir as orientações indicadas pelo fabricante na descrição da embalagem.
— Essas orientações servem para garantir que o produto vai ficar nas condições que o fabricante desenvolveu. No momento em que a pessoa não cuida, o fabricante perde a responsabilidade sobre isso — afirma Maísa.
A farmacêutica pontua também sobre a possibilidade de erros de fabricação, que levam a uma fórmula mais suscetível à oxidação quando em contato com o ar. No entanto, isso ocorre com menor frequência. Segundo a especialista, as indústrias cosméticas precisam submeter os produtos a uma série de testes de desenvolvimento, como verificação de estabilidade e de qualidade, prevendo cenários adversos a fim de evitar eventuais problemas.
A oxidação é gradual. Quando a base altera o tom sutilmente logo depois da secagem, pode ser apenas um componente natural da formulação.
— Essas reações possuem mais chances de ocorrer depois que aquela formulação está chegando perto da data de validade, quando ela é armazenada de forma inadequada e está começando a perder suas características originais — declara.
Para evitar essas situações, além de adotar as orientações do fabricante, o ideal é manter uma boa higienização do rosto e utilizar um produto com propriedades antioxidantes antes da aplicação da maquiagem.
Reações na pele
Maísa Melo pontua ainda que a oxidação é capaz de provocar reações adversas:
— Há uma grande chance do produto começar a irritar a pele. Se você tem a pele sensível e sentiu que ele não está se comportando como antes ou igual aos outros que você usa, provavelmente pode ser uma oxidação — diz.
Outros fatores que também exigem atenção
Outro motivo que também pode influenciar na mudança de tonalidade é a interação com outras substâncias aplicadas na face. Além disso, é possível que o consumidor tenha errado o tom para sua pele.
— Às vezes, há pessoas que acham que é a cor certa pelo que está na embalagem, mas acabam não testando. Antes de comprar, o ideal é ir até uma loja e testar no rosto. Testar no braço, como muitos fazem, pode dar errado, porque é uma cor diferente do tom da face — orienta a profissional.
Ela afirma que o ideal seria tentar passar um tempo com o produto no rosto antes de efetivar a compra, para ver como se comporta ao longo do tempo. Nesse sentido, também é importante cuidar da forma de aplicação durante o teste. A base colocada de modo que fica mais concentrada pode ficar diferente quando for espalhada, em razão da dispersão dos pigmentos.
*Produção: Carolina Dill