Se os olhos são a janela da alma, podemos dizer que os cílios são como cortinas. Sua função principal é servir de barreira física para impedir que partículas de poeira e demais sujeiras atrapalhem a visão.
Eles nos protegem de possíveis bactérias e vírus que possam infectar os globos oculares. Também são responsáveis pelo reflexo de piscar quando algo se aproxima dos olhos, como forma de evitar eventuais lesões ou irritações.
Os fios dos olhos também ganham atenção na área estética. Algumas maquiagens, entre elas séruns e máscaras, são específicas para realçar o olhar. Também existem alternativas que prometem deixar os cílios grossos e longos por mais tempo, como extensões ou fibras postiças.
Mas essas práticas de beleza são seguras? Abaixo, médicos listam os riscos de tais procedimentos.
Quais são os riscos das extensões de cílios
Substâncias encontradas na cola ou nas próprias extensões podem provocar reações que vão desde alergias a infecções graves.
— A colocação de cílios postiços ou extensões de cílios tem vários riscos, incluindo irritação, reações alérgicas, infecções e danos à pele e aos próprios cílios naturais — sinaliza o oftalmologista Flavio Mac Cord, diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. — Colas utilizadas nesses procedimentos podem conter substâncias, como formaldeído, que são altamente alergênicas.
Escolher opções permanentes para poupar esforços na hora de passar maquiagem pode custar caro, tanto para os olhos quanto para a pele ao redor deles, especialmente as pálpebras. Vermelhidão, inchaço, coceira e ardência estão entre os principais sintomas das reações indesejadas.
Doenças como a inflamação das pálpebras (blefarite), da córnea (ceratite), da conjuntiva (conjuntivite) e da pele (dermatite de contato), podem surgir com mais facilidade em pacientes que expõem os olhos e a pele a produtos químicos.
Flávio alerta para os casos mais graves:
— Uma reação alérgica severa pode causar perda temporária ou permanente dos cílios e até comprometimento da visão.
Como minimizar as complicações
O primeiro passo para evitar resultados indesejados é escolher um profissional qualificado para realizar os procedimentos e que utilize apenas produtos de qualidade comprovada, além de seguir todas as recomendações de higiene e cuidado para manter as extensões.
— Existem testes que identificam se a pessoa tem tendência a desenvolver alergias a determinadas substâncias que podem fazer parte da composição tanto da cola como dos cílios — completa Analupe Webber, secretária-geral da secção gaúcha da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Esses testes devem ser feitos com antecedência para que seja possível acompanhar as reações que podem demorar horas ou dias para surgir.
De qualquer forma, a especialista garante que o melhor, na verdade, é usar cílios postiços em ocasiões específicas, e não de forma contínua. Também existem medicamentos e óleos específicos para estimular o crescimento dos fios, que não são isentos das suas próprias complicações.
— A maneira mais segura é a maquiagem, para quem não tem dermatite de contato — opina a dermatologista.
O que fazer em caso de reações adversas
A dermatologista Analupe Webber afirma que é preciso atentar a uma série de sintomas, tais como:
- Ardência nos olhos
- Inflamação da base dos cílios
- Conjuntivite alérgica
- Inflamação da córnea
- Coceira
- Olhos vermelhos
- Dificuldade de enxergar
Em caso de complicação, é necessário remover os cílios postiços ou extensões imediatamente, segundo os profissionais. Em seguida, lavar a região dos olhos com sabão neutro e água em abundância. O acompanhamento médico é essencial para garantir o tratamento necessário.
— Nunca ignorar esses sintomas e buscar ajuda é fundamental para evitar complicações mais graves — conclui o oftalmologista Flavio Mac Cord.
*Produção: Caroline Guarnieri