Não é exagero falar que existem vinhos para todos os gostos. As mudanças entre uvas e modos de preparo trazem diferentes combinações de acidez, doçura, aroma, corpo, taninos e álcool. Até os materiais usados no processo de fermentação podem alterar o sabor e o visual da bebida.
O jeito mais clássico de dividir os tipos de vinho é conforme a cor: tinto, branco e rosé. Ricardo Morari, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE) e enólogo da Cooperativa Vinícola Garibaldi, garante que tudo começa com as uvas.
— Todas as uvas podem originar vinhos. Aqui no Brasil, nós temos a categoria de vinhos de mesa que são os vinhos ditos comuns, que podem ser elaborados a partir de uvas americanas híbridas, essas uvas que mais tradicionalmente se usa para suco — explica o especialista — Porém, os vinhos finos e os espumantes têm que ser elaborados a partir de uvas finas, uvas viníferas.
Quais são os tipos de vinho
O tipo de vinho vai depender diretamente da variedade da uva e do modo de preparo. Segundo o enólogo, não é possível afirmar que todas as bebidas de uma determinada categoria possuem as mesmas características: o conjunto de elementos que forma um vinho varia conforme diversos fatores. Conheça alguns deles na lista abaixo.
Vinho branco
O vinho branco, que costuma ser mais leve, é normalmente o primeiro em uma sequência de degustação. Dentro dessa categoria, as bebidas são divididas entre aromáticas e não aromáticas, conforme a uva utilizada.
As aromáticas, como o nome indica, possuem cheiro mais presente, causado pela presença de certas substâncias químicas naturais. Entre elas estão, por exemplo, as uvas sauvignon blanc, malvasia e moscatel, uma das mais aromáticas do mundo.
No grupo das não aromáticas, podemos encontrar as variedades chardonnay, alvarinho e riesling itálico. A diferença entre as tendências de aroma não determina a qualidade do vinho.
— Você pode elaborar bons vinhos aromáticos e não aromáticos, não quer dizer que um vinho elaborado a partir de chardonnay, por exemplo, tem que ser neutro de aroma — pontua Ricardo — Ele vai ter aroma, mas talvez não tenha a mesma intensidade comum nas aromáticas.
O vinho branco também pode ser elaborado a partir de uvas tintas, desde que elas apresentem cor somente na casca, e não na polpa, como a pinot noir. A espécie possui variedades com pele mais escura e interior branco que podem ser usadas no preparo dos vinhos pinot grigio ou blanc de noir, utilizando a técnica de prensagem ou extração controlada.
Vinho tinto
Os vinhos escuros costumam vir depois dos brancos em sequências de degustação, do menos ao mais encorpado. Esse grupo pode ser dividido entre as uvas tintórias (ou tintureiras) e não tintórias (não tintureiras), conforme a intensidade da cor na polpa. Vinhos como o alicante bouschet e o tannat variam entre o vermelho e o roxo escuro, até o quase preto.
Outras variedades, como o pinot noir e o merlot, concentram a maior parcela da cor na casca e apresentam polpas mais claras. Isso possibilita até fazer vinhos brancos e rosés a partir dessas uvas, além, claro, dos tintos.
— Então é possível ter um vinho branco de uva tinta, porém não é possível ter um vinho tinto de uva branca, por exemplo. Não tenho como encontrar cor numa uva branca — esclarece o especialista.
Segundo o enólogo, outras características como doçura, álcool e acidez não estão relacionadas à cor da bebida. O teor alcoólico, na verdade, está ligado ao nível de maturação da uva, ou seja, quanto mais madura a uva, maior sua quantidade de açúcar – e maior a porcentagem de álcool ao final da fermentação.
— Hoje em dia, fala-se muito no mundo de vinhos menos concentrados, não se pensa mais no tinto como sendo um vinho que necessariamente vai ter uma coloração muito intensa. Obviamente, os tintos têm que ter cor porque essas variedades (de uvas) potencializam isso, mas não significa que o vinho tinto tenha que ter muita concentração de cor para ser bom — pensa Ricardo.
Vinho rosé
A versão mais rosada da bebida pode ser produzida de duas formas: a partir do processo de extração controlada de uma uva tinta ou da mistura entre vinhos brancos e tintos. No primeiro caso, as variedades de casca escura e polpa clara são amassadas e o material fica em contato com as cascas por menos tempo que seria necessário para fazer um vinho tinto. Dessa forma, é feita uma extração de forma controlada da cor.
O segundo modo de preparo é misturando diferentes vinhos. Chamado de blend, o método permite uma produção em maior escala, já que é possível determinar a quantidade exata de vinho tinto que será misturado na base branca, resultando em um vinho rosé. A coloração final pode ir de um rosa-claro, quase translúcido, até o vermelho pálido.
Entre secos e suaves
Diferenças entre o nível de doçura dos vinhos podem dividir o paladar dos consumidores. Se o vinho não entrar em contato com nenhuma outra substância após o processo de fermentação, ele é considerado seco. Essa é a versão "natural" da bebida, sem maiores intervenções.
Já o vinho suave, queridinho entre os que preferem as bebidas mais doces, ganha seu sabor por receber uma porção extra de açúcar no final. Antes de ser envasado e liberado para o consumo, o vinho recebe uma adição de açúcar que não será convertido em álcool durante o processo de fermentação. O enólogo define:
— É o mesmo vinho seco, porém com a adição do açúcar. Quando se entra com açúcar na composição acaba sendo necessário utilizar algum conservante ou processo para evitar que esse vinho fique instável ou fermente, como a pasteurização.
E o espumante?
Muito presente em momentos de brindes e comemorações, os espumantes são a versão gaseificada do vinho. As bolhas de ar são formadas pela presença de gás carbônico, que deve ser produzido de forma natural a partir da fermentação, sem adição artificial de gás. O produto costuma ser feito a partir de vinhos brancos ou rosés.
Essa categoria também pode ser dividida em três grupos conforme o modo de preparo. O mais comum é o charmat, método em que a bebida é fermentada em tanques de pressão de grande capacidade.
O gás carbônico da primeira fermentação é liberado e o mosto da uva (suco que vai ser fermentado) recebe uma nova dose de açúcar para ser fermentado novamente, dessa vez em um tanque fechado que retém o gás.
Por outro lado, no método champenoise — conhecido por ser mais tradicional —, a segunda fermentação do vinho, usado como base, acontece dentro da garrafa que vai para o consumidor. É o modo responsável pela produção de espumantes na região de Champagne, na França.
Também existe o método de elaboração dos espumantes moscatéis. Nesse caso, o processo é interrompido e o produto é finalizado antes de completar a fermentação, ainda com uma quantidade residual de açúcar. Por ser feito com uvas da variedade moscato, tendem a ser mais aromáticos.
— As principais características do espumante moscatel é a doçura, a intensidade aromática e a leveza na questão do teor alcoólico. Com apenas uma fermentação, a bebida tem em torno de 7,5% de álcool — conclui Ricardo.
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*Produção: Caroline Guarnieri