Desde Homem de Ferro (2008), o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) já lançou 23 filmes. São longas que se notabilizaram pelas cenas de ação mirabolantes, efeitos visuais caríssimos e o tom leve de uma comédia. Claro, há a jornada do herói, a busca pela identidade e seus dramas. Houve inovações e experimentações no MCU ao longo dos anos, mas nada tão singular quanto a série WandaVision, que chegou ao Disney+ nesta sexta-feira (15).
A atração estreou no serviço de streaming com dois episódios, de um total de nove. A partir daqui, toda sexta-feira um novo capítulo chegará à plataforma, com duração entre 20 e 30 minutos.
Escrita por Jac Schaeffer (que trabalhou em As Trapaceiras e está no time de roteiristas de Viúva Negra), a série é dirigida por Matt Shakman. Ao longo dos anos, ele dirigiu episódios das mais variadas séries: House, Todo Mundo Odeia o Chris, Game of Thrones, Revenge, Fargo, Mad Men, The Boys e até a sitcom insana It's Always Sunny in Philadelphia. Pelo currículo, é um nome que se encaixa na proposta de fantasia delirante e comédia de WandaVision.
Nos dois primeiros episódios da série, vemos Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), e Visão (Paul Bettany) tentando se adaptar a uma nova vida: ao novo emprego dele, à vizinhança em um subúrbio americano, ao relacionamento com as pessoas, à vida de casal. Nessa dinâmica, Visão precisa esconder sua verdadeira aparência de androide, enquanto Wanda oculta seus poderes. A narrativa pode até ser simples e ingênua neste começo, um tanto pastelona, mas isso é só a superfície.
Até o momento, não há nenhuma menção aos acontecimentos anteriores do MCU, tampouco Vingadores: Ultimato (2019). WandaVision se propõe aqui a ser uma sitcom em preto e branco nos seus dois primeiros episódios, como se estivesse entre os anos 1950 e 1960, com direito às risadas da plateia a cada cena cômica. Funciona até como uma homenagem aos clássicos do passado, como A Feiticeira, I Love Lucy e A Família Sol-Lá-Si-Dó. É possível lembrar de Pleasantville — A Vida em Preto e Branco (1998) no segundo episódio, quando as cores começam a pintar aquele sonho. Projeta-se que a série continue a celebrar sitcoms de outras décadas e mostrar a evolução do gênero no decorrer da trama.
Porém, uma sensação de desconforto permeia os episódios. Principalmente com Wanda, que sente uma inquietação, embora a contenha (Olsen entrega um bom trabalho aqui). Vale lembrar que Visão foi morto por Thanos em Vingadores: Guerra Infinita (2018). Entre cenas divertidas, o espectador pode antever esse desconcerto: essa vida doce e perfeita do casal tende a ruir, e WandaVision entrega pistas, aos poucos, de que algo está fora do lugar, como se em vez de uma sitcom, os dois vivessem um Show de Truman (1998).
Para onde pode ir
Fãs e sites especializados em quadrinhos teorizam que a Feiticeira Escarlate criou realidade paralela enquanto tenta lidar com o luto, em uma adaptação das HQs Visão, de Tom King, e Dinastia M. Seguindo esse caminho, Wanda deve constituir uma família com o seu androide amado, vivendo o sonho americano que, historicamente, era o ilustrado nas sitcoms familiares.
Outra teoria dos fãs dá conta de que Agnes (Kathryn Hahn), a vizinha enxerida e prestativa, seria a poderosa bruxa Agatha Harkness. Nos quadrinhos, ela serve como mentora de Wanda.
Sabe-se que WandaVision é o começo da fase 4 do MCU, inaugurando também a produção da Marvel Studios para o Disney+. O plano original era outro: no cronograma anunciado durante a ComicCon de San Diego, em 2019, a série era a quinta na agenda: primeiro viria o filme Viúva Negra, seguindo com a série Falcão e o Soldado Invernal e os filmes Eternos e Shang-Chi e a Lenda dos 10 Anéis.
A intenção era que Wandavision servisse de gancho para o filme Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (previsto para 2022), em que Wanda terá uma participação importante. Aliás, há rumores de que Benedict Cumberbatch (que vive o Doutor Estranho) possa aparecer na série. A informação partiu do jornalista Charles Murphy, mas não foi confirmada pela Marvel.
O certo é que Wandavision irá além do tributo às sitcoms. Olsen já adiantou em entrevistas que a série irá explicar por que a personagem é conhecida como Feiticeira Escarlate e como essa identidade é oposta a de Wanda, nome pelo qual ela foi referida no MCU até então.
Também já foi antecipado que WandaVision será parte sitcom e parte “épico da Marvel“. Em entrevista à revista Total Film, o diretor Matt Shakman garantiu que a série trará uma das maiores sequências de ação da Marvel Studios:
"Existem mais efeitos visuais em WandaVision do que em Vingadores: Ultimato. Isso não é Lei e Ordem, que são seis meses de filmagens de pessoas andando pelo mesmo corredor (risos). Kevin Feige (CEO da Marvel Studios) foi muito claro desde o início de que esta série seria muito diferente, mas que também seria tão Marvel quanto qualquer outra coisa que eles já fizeram — incluindo algumas das maiores sequências que eles já criaram".